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Mensagem: O Milagre aconteceu:Toninho (Por ocasião do aniversário da cidade, julho de 1982) Você vivia triste, minha querida Montes Claros, porque era feia e desajeitada! Sua pele era grosseira, suja e esburacada!E como mulher vaidosa, queria ser muito bonita e admirada! E você sofria muito, minha querida Montes Claros. E nós sofríamos também. Os anos foram passando e você envelhecendo cada vez mais. Sua mocidade e alegria foram desaparecendo também e você quase se conformara em ser uma velha triste e sem atrativos... E nós, seus filhos dedicados, que gostamos tanto de você, procurávamos uma solução para seu caso e um remédio para seu mal. E o milagre aconteceu!Você deixou de ser a velha rota e mal vestida e, como num conto de fadas, sob o toque benfazejo de uma varinha mágica, é hoje bonita, elegante, e admirada por todos! Agora tem a pele lisa, limpa, cheirosa, bonita e bem tratada. E cresceu muito!Largas ruas e avenidas rasgaram seu coração, como mananciais fecundos, levando a seus filhos mais distantes e humildes, conforto, alegria e segurança! Com grande prazer e uma felicidade enorme, nós sentimos que, a cada dia que passa, você fica mais bonita e dentro das vestes multicoloridas de suas praças e avenidas, seus encantos naturais mais se realçam. Sei que você hoje é muito feliz, minha querida Montes Claros! Você está tranqüila porque é amada demais por seus filhos e, tranqüila, dorme e sonha sem pesadelos, porque um filho mais amoroso pensa em você, dia e noite, e fielmente a protege e a defende, em todas as horas, para que seja grandiosamente bela, exuberante e realizada. Sem ser um doutor Pitanguy, transformou-a da cabeça aos pés, realizando a mais bela plástica, minorando seus sofrimentos, resolvendo grandes e angustiosos problemas de seus filhos, incansável, cheio de fé e amor por você, como um grande artista da maior obra prima! Só ele, idealista na sua imensa filantropia, poderia realizar este grande milagre. E, repito, o milagre aconteceu! Todos vêem a grande transformação. Vêem e admiram esta obra maravilhosa, extraordinária de um administrador inato e que antes de tudo ama demais sua terra. Só por amor constrói e idealiza as belas obras, e só com amor se chega à perfeição. Obrigada, Toninho!Deixo de lado a cerimônia que lhe é devida e repito: mil vezes, obrigada, Toninho! Se falo com esta simplicidade, acredite, o faço de coração aberto,porque só ele poderá traduzir o que sinto agora! Se assim falo é porque pra mim você foi, é e será sempre, o Toninho que conheci, anos atrás, quando éramos crianças e nossa cidade era escura ew triste. Você era um menino forte e alegre, que liderava um grupo de companheiros quando jogava bola na pracinha singela da Igreja do Rosário. Você já era, Toninho, o mais querido da turma, o companheiro ideal com quem os meninos contavam certo na hora dos apertos, apaziguando os mais exaltados e defendendo os mais fracos no momento exato! Naquela época remota, você não era apenas um menino comum, ou um líder nos brinquedos das crianças daquele tempo. Você era um grande menino, de alma simples e coração puro, cheio de nobres ideais e altruisticamente humanos e que, apenas em embrião mais tarde se desenvolveram moldados pelo exemplo paterno de honradez e retidão e que se identificaram e se firmaram hoje beneficiando uma comunidade inteira. Não era por simples curiosidade, Toninho, que eu o observava, tantas e tantas vezes, encolhida no portãozinho da tia Joaquina, sua vizinha, enquanto com meus primos você brincava e se misturava às outras crianças humildes, numa camaradagem espontânea e feliz, longe de preconceitos. É que as crianças são as grandes espectadoras obscuras, invisíveis, às vezes, talvez as mais sinceras do mundo dos adultos. E eu, naquele tempo, já admirava sua agilidade e destreza, quando driblava a bola num incansável campeonato infantil de jogadores de pés descalços e bola de meias... Também, vibrava com seu entusiasmo quando dirigia outros brinquedos, correndo sem se amofinar com os pedregulhos, enquanto grossos pingos de chuva ensopavam sua cabeça descoberta, fazendo açudes e soltando barcos de papel nas grandes enxurradas, que com enorme correnteza descambavam pelos grandes sulcos da rua Joaquim Nabuco, hoje Gonçalves Figueira. E, quando, transformado em cowboy, corria ao redor da Igrejinha do Rosário, e em ponto estratégico derrotava os bandidos, salvando os companheiros. E aquela Montes Claros, Toninho, que o conheceu de calças curtas, vende-o correr alegremente, sentindo o contato dos seus pés descalços, quando se atolavam na poeira quente de suas ruas desprovidas de qualquer estética e que você já sabia amar, está transformada, nesta grande metrópole que, feliz, lhe agradece! Que Deus lhe proteja, Toninho, e não o abandone jamais, permitindo anos afora, a continuação das grandes e belas obras que você vem fazendo, dia-a-dia, na nossa querida Montes Claros. Que continue dirigindo, com eficiência e entusiasmo, como vem fazendo, esta consciente equipe que você possui dentro da Prefeitura. Parabéns, Montes Claros, pelo seu aniversário e pela maquiagem linda que você ganhou. Parabéns, pelo prefeito que possui! Obrigada, Toninho, por tudo que você conseguiu fazer nestes anos de sua gestão – a nova Montes Claros -, a querida e bela cidade que você idealizou, e pelo que você conseguiu realizar. Obrigada! (N. da Redação: Ruth Tupinambá Graça, de 94 anos, é atualmente a mais importante memorialista de M. Claros. Nasceu aqui, viveu aqui, e conta as histórias da cidade com uma leveza que a distingue de todos, ao mesmo tempo em que é reconhecida pelo rigor e pela qualidade da sua memória. Mantém-se extraordinariamente ativa, viajando por toda parte, cuidando de filhos, netos e bisnetos, sem descuidar dos escritos que invariavelmente contemplam a sua cidade de criança, um burgo de não mais que 3 mil habitantes, no início do século passado. É merecidamente reverenciada por muitos como a Cora Coralina de Montes Claros, pelo alto, limpo e espontâneo lirismo de suas narrativas).
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