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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: 40 anos do 55º BI Isaías Caldeira No ano de 1978 ingressei no Exército Brasileiro, prestando o serviço militar no 55º BI. Éramos o terceiro contingente de jovens a fazê-lo, sendo a primeira turma de 1976. Tinha 18 anos e a rebeldia natural da idade, de quem deseja mudar o mundo, desde os valores ensinados no âmbito familiar, até o governo da época, especialmente num País onde a liberdade era relativa, do ponto de vista político, com as restrições ideológicas própria de regimes militares então em curso na America Latina. O mundo ainda era o da guerra fria, com a divisão patrocinada pelos EUA e URSS, cujo símbolo diversionista era o muro de Berlim. Éramos quase 200 recrutas, com jovens de todas as camadas sociais. Necessariamente, aqueles que tinham alguma curiosidade sobre coisas para além do óbvio, buscavam na literatura e autores de esquerda, como Sartre , Marcuse e outros, saciar a curiosidade sobre o mundo do dever ser, do mundo perfeito, sem miséria, com plenitude de liberdade e cidadania, que nossa ingenuidade creditava ao socialismo utópico então disseminado , capaz de mudar o estabelecido pela sociedade arquetípica ocidental, com lastros na família tradicional e seu forte conteúdo religioso, cheio de proibições e dogmas. Numa época ainda de costumes quase vitorianos, com o aniquilamento das vontades em prol do establishment familiar e ainda patriarcal, evidente que autores que dinamitassem essas crenças e valores eram amados, afinal não queríamos 100 virgens após a morte, mas as desejávamos em vida, com a vantagem de não termos bombas amarradas ao corpo, mas dentro dele, de testosterona. Quando me apresentei para o serviço militar, não imaginava ser escolhido, mas fui. As primeiras semanas foram terríveis, recolhidos ao quartel em quarentena, ficávamos o tempo todo a mercê do tacão de sargentos e praças antigos, naquilo que é clichê no universo militar, onde sempre há um Tainha infernizando a vida de um recruta indócil e refratário aos deveres hierárquicos ou obrigações da caserna. Aos poucos íamos acostumando com as regras rígidas da vida militar, e aquele período de recolhimento no quartel domava nossa rebeldia, enquadrando todos na nova vida que teríamos sob o verde-oliva de nosso uniforme e as pisadas firmes dos coturnos na ordem unida cotidiana, ao som da canção do soldado. Na minha companhia de fuzileiros pontificava o então Tenente Toscano, nosso Comandante e o maior líder que conheci em minha vida, com uma voz de comando que faria o mais medroso e débil dos soldados transformar-se num portento, num samurai, arrostando todos os perigos da batalha sob suas ordens. Pensei que chegaria a General por merecimento. Parece que não conseguiu, mas para nós, recrutas do 55º BI daqueles tempos, será para sempre o comandante da tropa, na permanente defesa da Pátria e dos seus valores, que tem no nosso Exército seu maior guardião. Quantas saudades! Passado tanto tempo, ainda sonho com os toques da corneta, com as formações para as batalhas que fazíamos em treinamentos, com toda a casta de militares com os quais convivi, acordando emocionado, por ter, mesmo em sonho, vestido a velha farda e empunhado o mesmo fuzil, retirando-os do escaninho de minhas memórias, onde latejam, permanentemente lustrados pelo amor à Pátria, a cada dia mais ardente em mim. No 55º BI completei o ciclo necessário a minha formação como homem e cidadão. Hauri valores que ostento orgulhoso, especialmente aqueles cívicos, alargando nossas responsabilidades para além do círculo familiar e próximo, nos tornando responsáveis por todo este Continente que os Portugueses nos deixaram por herança. Um só Brasil, um só povo, uma só nação. Nesses 40 anos do 55º BI, coloco no altar da Pátria, sob a guarda segura do Exército Brasileiro, tudo aquilo que ele me entregou e que tenho como patrimônio maior, resumindo-se na vocação de servir ao País, honradamente. Nesses momentos de turbulência na vida nacional, aqui, neste canto de Minas, um brasileiro, já quase envelhecido e um pouco fora de forma, se preciso vai à luta, como naquela velha canção, bastando para tanto que lhe dêem um velho FAL, um cantil e uma bandeira brasileira como escudo e esperança. Parabéns, 55º Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro! Do alto dos nossos Montes Claros a Pátria vos contempla! * Isaías Caldeira é Juiz de Direito em M. Claros

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