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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A nossa hora Manoel Hygino Mesmo no exercício de altos cargos, o desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima não deixa de observar seus velhos hábitos. Aqueles que vão às raízes, na sua São João del-Rei natal, que não esquece, nem deixa de visitar “religiosamente”. Aliás, o advérbio vem muito a propósito, se reconhecer os vínculos da cidade com as lições pregadas desde a colonização pelos sacerdotes de Portugal. Em artigo para jornal de sua terra natal, conta que, em outubro, lá faleceu o amigo Eustáquio Carazza, apelidado de Taco, dono de um bar muito popular. Lembra: “aos domingos, no final da manhã, agrada-me encontrar amigos no ‘Bar do Taco’, à avenida Leite de Castro. As mesas são postas na passarela central da avenida. Faço exercício vendo as pessoas correrem ou caminharem. A roda é capitaneada pelo nosso líder Fernando Magno Mendonça. A maior parte dos frequentadores são futebolistas de São João del-Rei. Eu sou apenas comentarista e preparador físico. A cerveja é bem gelada, acompanhada por saudáveis tira-gostos importados das cercanias: o Taco não fazia quitutes. A prosa é muito boa. O dono do boteco também participava das conversas. Taco era um sujeito dócil, respondia às inúmeras provocações com bom humor e alguns palavrões inofensivos. Muito católico, rezava todas as manhãs na grutinha de Nossa Senhora, perto da ponte do final da avenida Antônio Rocha. Eu recordo um sábado friorento do mês de julho, há uns três anos. Sentei-me em uma mesa do Bar do Taco. Ali pelas duas da tarde, aproximou-se, a passos leves e ligeiros, um magro e grisalho ancião. O Taco, à aproximação da personagem, nos preveniu: – Esse velho é surdo e mudo. Todo dia, nessa mesma hora, vem aqui olhar o relógio. Coisa doida! O ancião mirou um relógio de parede com o escudo do Flamengo – time do coração do Taco. Olhou para o dono do bar e este confirmou: – São duas da tarde! Ora, diabos: o velho não era surdo e mudo? Por que o dono do bar lhe falou as horas? Por que o velho fez cara de entender? Do mesmo jeito furtivo com que se aproximou, o ancião se afastou, até sumir na primeira dobra de esquina. Sorvi um longo gole da gélida bebida maltada e divaguei um pouco mais. Por que aquele ritual das horas? Para que o ancião quer as horas? O que ele faz das horas? Então lembrei o diálogo de uma peça de Shakespeare: – Que horas são, senhor? – São horas de ser honesto. Agora que o Taco se foi, eu recordo essa passagem meio fantástica. Faz sentido. O Taco era do bem. Era honesto. Vejo o Brasil. São horas de ser do bem. São horas de ser honesto. Não vamos fechar o Bar do Taco”.

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