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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O azeite da máquina Manoel Hygino Meu conterrâneo Darcy Ribeiro, tão lembrado hoje e já suficientemente compreendido e sentido por grande número de brasileiros, foi um entusiasta de ideias de Manoel Bonfim, um antropólogo que viveu em Paris há cerca de cem anos. Dizia o primeiro: “Bonfim nos falava com exatidão do caráter classista, intrinsecamente tirânico e espoliativo do Estado brasileiro, por isso mesmo, justamente odiado ontem e hoje pelo povo. Também antes do que qualquer outro, Manoel Bonfim nos deu o diagnóstico do racismo como a técnica ideológica europeia de dominação e escravização”. Darcy confessa crer que, como Bonfim, a educação popular tem um papel indispensável em nosso esforço de autossuperação. Somente através dela conseguiremos que os brasileiros de amanhã manifestem sua extraordinária criatividade, não só no exercício do futebol e no carnaval, mas em todas as formas humanas de expressão. Para Darcy, ainda existe no Brasil uma sabedoria engajada, do mesmo tom da de Bonfim. Segundo esse desenho de posições, cada qual do seu lado de posiciona em suas trincheiras nas quais os dominadores e dominados lutam para que o Brasil continue tal como é ou para que se transforme. Finaliza o antropólogo de Montes Claros: “O nosso bando de iracundos” junta os que querem fazer ciência com o maior rigor para alcançar a compreensão mais precisa da realidade brasileira, com os olhos postos na sua transformação revolucionária. O bando oposto, dos relativistas, reúne os que, estando contentes com a nossa realidade tal qual ela é, admitem como normal e até funcional, que assim seja. Nesse jogo ninguém é inocente. Nossas realidades são explícitas, não gostamos do Brasil que aí está, tão espoliado pelos ricos e tão sofrido pelos pobres, e queremos passar nossas instituições a limpo. As deles, inconfessáveis embora, são igualmente engajadas. Estão contentes, ou pelo menos resignados, com a realidade brasileira e só querem ser o azeite da máquina desse mundo. Estamos, pois, parados há cem anos, sem evoluirmos positivamente em favor das multidões carentes e conscientes dessa estagnação perniciosa. As tentativas e experiências para transformar o quadro para melhor não foram suficientes para favorecer a gente pobre. Esta, ao contrário do esperado e ansiado, permanece em dificuldade e penúria.

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