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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Pisando em ovos Manoel Hygino Há gente falando demais, falando o que não devia, o que é terrivelmente pernicioso neste período grave e sumamente delicado de nossa história. Grave e delicado, porque os ânimos se encontram tão ou mais exaltados do que na campanha eleitoral à presidência, em 2022, que não serve como exemplar. O cuidado em dizer coisas tem de ser adotado em caráter de urgência, considerando que se criou e estabeleceu no país um ambiente de intolerância jamais visto. Os parlamentares debatem em seus respectivos foros, mas as discussões se espalham por todos os recantos, desde os botequins, ao interior dos aviões, nos aeroportos, gerando mal estar generalizado que pode evoluir para atitudes mais sérias, desavenças que não se circunscrevem ao palco dos episódios. Os nervos estão à flor da pele, a sensibilidade excita todos os níveis da sociedade. Os próprios membros de superiores tribunais perdem a noção da repercussão que pode assumir uma frase, aparentemente inocente, mas que irá ferir interesses e suscetibilidades. Este o caso, por exemplo, do ministro Luís Roberto Barroso, uma das vozes sensatas da mais alta corte de Justiça do país, ao manifestar-se sobre bolsonarismo. Não é hora de tais expressões, principalmente quando ele logo será o presidente do STF, com aposentadoria da ministra Rosa Weber. Por outro lado, o inquérito sobre os acontecimentos de 8 de janeiro, em Brasília, não tem prazo para terminar. Compreende-se que a matéria é complexa e extensa. São milhares de pessoas que agiram contra as sedes dos três poderes na capital federal. Os presos e ex-presos aguardam veredito ou sentença. Todos estão evidentemente preocupados com o que lhes pode acontecer, as penas que lhe serão impostas. Suas famílias, seus companheiros de ideias e de insânia, estão inquietos ante as perspectivas que lhes são reservadas. Assim, vivenciam momentos de ansiedade que podem explodir. Há de ter-se cuidado extremo, porque estamos pisando em ovos. Vamo-nos conter, antes que sejamos contidos pela força. Fiz um retrospecto pessoal desta e de outras épocas no país. Chego à conclusão de que a hora não é melhor do que outras passadas, do suicídio de Vargas ou do AI-5. Confesso que temo pelo Brasil e os brasileiros.

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