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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 28 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Risco de “pagar a língua”

Waldyr Senna Batista

O tiroteio das pesquisas impede análise equilibrada sobre a eleição de amanhã. Resta, pois, aguardar o resultado da pesquisa definitiva–a das urnas-, pela qual se saberá, já no início da noite, quem será o novo prefeito de Montes Claros.
Como os dois disputantes se esmeraram em promessas mirabolantes, de uma coisa pelo menos já se sabe: para a realização do mínimo que seja dessas promessas, qualquer que seja o eleito, vai ser preciso que ele promova parcerias com os governos do Estado e da União, pois a arrecadação própria do município só permite, quando muito ,atender aos gastos de custeio. Com quadro de pessoal superior a 8 mil servidores, fora os que vão continuar entrando a partir de 1º de janeiro, não há como a prefeitura dispor de recursos para investimentos.
No plano estadual não haverá maiores dificuldades, pois os dois candidatos são de partidos que compõem a base do governo. Aliás, entra governador e sai governador, em Minas Gerais sempre predominou o hábito de todos se abrigarem sob o amplo guarda-chuvas do governo. Atualmente, na Assembléia legislativa, apenas o PT exerce um arremedo de oposição, correndo tudo na santa paz de Deus.
No âmbito federal registra-se ligeira diferença, porque o prefeito Athos Avelino pertence ao PPS, partido de oposição ao presidente Lula da Silva, enquanto Luiz Tadeu Leite é do PMDB, partido que, qualquer que seja o governo, o tem como componente da base. Mas o fato de o atual prefeito ser de partido de oposição não tem sido óbice a que obtenha recursos para a realização de obras na cidade, num sistema denominado de parceria e que foi tema destacado na campanha.
Essa parceria foi tão ampla e diversificada nos últimos quatro anos, que a atual administração tem sido criticada pela oposição por nada ter de seu para apresentar. Tudo o que aí está, executado ou em execução, segundo a oposição, se deve aos governos, do Estado ou da União. Um vereador, na Câmara municipal, chegou a declarar que o prefeito de Montes Claros, de fato, é o governador Aécio Neves.
Um arroubo oposicionista de que o edil poderá arrepender-se, se o novo prefeito vier a ser Luiz Tadeu Leite. Porque, inapelavelmente, também ele terá de ir beber dessa fonte, e até dará graças a Deus se a tiver. Não foi por outra razão que, tanto ele como seu adversário, durante a campanha eleitoral, esforçaram-se para mostrar prestígio nas duas esferas da administração pública. Chegaram ao ridículo de disputarem o privilégio de utilizar a imagem do presidente Lula da Silva como garantia de que tudo o que estavam prometendo contaria com o respaldo do governo. Athos, porque seu vice pertence ao PT, o partido do presidente, e Tadeu, porque seu partido tem nada menos do que dez ministérios sob seu comando.
A propósito, o senador Hélio Costa, ministro das Comunicações, um dos principais financiadores da campanha do candidato pemedebista, chegou a declarar que, se eleito Luiz Tadeu, o governo federal vai “derramar dinheiro” na cidade. Esse ministro, cujo sonho dourado é ser governador do Estado, já tendo tentado duas vezes, aproveitou a eleição em Belo Horizonte e Montes Claros como plataformas de lançamento para sua terceira candidatura.
Tudo isso é compreensível em tempos de disputa eleitoral. Mas nem assim se pode abstrair a flagrante contradição dos políticos quando criticam seus adversários por utilizar instrumentos que eles próprios usarão para garantir a viabilização das utopias demagógicas que alardeiam sem qualquer constrangimento. Tadeu, para desmerecer o esforço do atual prefeito em usar recursos de outras origens na cidade, afirmou que, para realizar grandes obras, não precisaria transformar o presidente Lula em “muleta”.
Corre o risco de “pagar a língua” se vier a ser eleito amanhã.


(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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