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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 55)

OLHA A COTEMINAS

Uma fábrica começa sendo apenas um sonho, como a Coteminas começou em minha concepção, nos idos de 1962.
Em 1971 demos início à implantação. No terreno da manga velha que eu adquirira no início dos anos 60, já pensando na fábrica.
Demarramos pelas obras civis.
Começaram os trabalhos de abertura das cavas, construção de tubulões, alicerces e levantamento de paredes, rodeadas de andaimes, com distribuição de lâmpadas em fiação provisória, por toda a área em construção. A obra, com toda aquela iluminação, oferecia à noite um belo espetáculo para quem passava pela então estrada de terra que levava ao aeroporto. A mostrar que ali se estava a construir uma fábrica.
Aquele pouco, representado pela obra em andamento inicial, com sua iluminação noturna, já era muito para minha alegria, que contagiava toda a família.
É desse tempo a imagem mágica que ficou da Coteminas. Representa uma fase. De início de jornada. De grandes esperanças.
Passou a ser rotina, todas as noites, após a labuta do dia, o passeio com a família, em uma camioneta Rural Willys, que eu dirigia, com a esposa ao lado e os filhos no banco traseiro. Para vermos a Coteminas começando a nascer.
Eram apenas escavações, alicerces, andaimes, paredes sendo erguidas. Mas nossos corações vibravam, cheios de alegria e confiança no que estava por vir.
Eu me lembro. E muito. Recordo-me da estrada, erma naquele tempo. E dos sapinhos, quando a noite era chuvosa, coaxando nas margens encharcadas da estrada ou atravessando, à nossa frente, a saltar, uns atrás dos outros, com as barriguinhas brancas a reluzir ao clarão dos faróis do carro.
E me lembro da cantiga que fiz e que cantávamos juntos, quando nos avizinhávamos do local das obras:

Olha a Coteminas
toda iluminada
na beira da estrada,
olha a Coteminas.

Outras fases vieram.
De penoso trabalho. De compromissos assumidos. De escassez de recursos. De dificuldades financeiras. De se contar e recontar cada tostão. Da venda da Algodoeira Luiz de Paula e de 11 propriedades imobiliárias e participações acionárias em agências de representação da Ford e da Wolksvagem. E de contrair um empréstimo de 43 milhões de cruzeiros, com aval e hipoteca dos imóveis que restaram, inclusive da própria casa de residência, onde os avaliadores do banco puseram em dúvida a origem européia dos lustres. E eu lhes falei que deixassem os lustres de fora...
Foram tempos difíceis. Às vezes desencorajadores.
Após a trabalhosa posta em marcha, começaram a surgir, pouco a pouco, os primeiros resultados positivos. Escassos, mas valendo como sinais animadores. E os anos foram passando. Bons resultados foram aparecendo, os orçamentos se equilibravam, frutos da boa luta, da competência e da dedicação da equipe.
Fui presidente da empresa nos primeiros 19 anos de sua existência. Aos 70 anos de idade passei a ocupar a vice-presidência.
É isso aí. O sonho realizou-se. E ao realizar-se, aquela imagem mágica transformou-se em trabalho organizado, competente e competitivo.
Aquelas paredes e andaimes iluminados à beira da estrada são hoje 11 fábricas de tecidos e confecções faturando 1 bilhão de reais por ano. Boa parte em dólares.
Para edificar este complexo têxtil que é a COTEMINAS de hoje, a empresa foi buscar acionistas no exterior, conquistando lá fora capitais de risco para desenvolvimento do país.
Sou hoje um pequeno acionista. E sei que não somos donos de nada. Tomamos conta de alguma cousa por algum tempo. Em verdade, trabalhamos para a comunidade.

A Coteminas será sempre em minha lembrança uma paisagem iluminada no meio da noite. Mas não somente isso. Tendo essa visão mágica, que vem do passado, como moldura romântica e luminosa, ela é e será também a presença majestosa e real de um sonho realizado em plenitude.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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