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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O avesso do avesso

Waldyr Senna Batista

Os nove vereadores eleitos para o primeiro mandato têm freqüentado as reuniões da Câmara municipal, com a finalidade de se familiarizar com as normas de funcionamento da instituição. O que é salutar e recomendável. Não se sabe, porém, é se já decodificaram devidamente a mensagem transmitida pelas urnas, que impuseram renovação histórica de quase 60% no quadro do Legislativo.
Se eles estão indo ali, como dizem, para “aprender”, há motivos de apreensão, porque o que o eleitor quis dizer, claramente, é que a Câmara precisa mudar. Se fosse para continuar fazendo a mesma coisa, não teria havido intervenção tão profunda. É óbvio que nada se muda no que se refere às prerrogativas institucionais. Mas, quanto à forma de atuação dos vereadores, a transformação tem de ser como ensina a música de Caetano Veloso: o avesso do avesso do avesso...
Contudo, as primeiras manifestações de alguns dos novos escolhidos não sinalizam nesta direção, se é que se pode tomar por base o que se fala em momento de forte emoção e ao influxo da inexperiência do contato com a imprensa. Caso do cabeleireiro eleito, que anunciou propósito de apresentar projeto instituindo serviço itinerante gratuito de cabeleireiro nos bairros.
O primeiro impulso da maioria das pessoas quando do anúncio do resultado da recente eleição foi avaliar se a renovação procedida vai melhorar ou não a imagem da Câmara, ultimamente muito desgastada. No quesito escolaridade, piora, mas isso tem significado apenas relativo, pois político dotado de sensibilidade pode superar essa deficiência.
O que está mesmo chamando a atenção sobre os novatos é a afoiteza com que alguns deles procuram se aninhar sob as asas do Executivo. Ao que tudo indica, o novo prefeito não terá oposição, nem mesmo de integrantes de grupos que alinharam com seus adversários na campanha. Eleitos, praticamente todos tendem a apoiar a nova administração, independente de entendimento partidário ou sob inspiração de objetivos mais nobres. Até pessoas ligadas à cúpula do PT e do PTB já se manifestaram neste sentido. Aliás, ao longo da história, uma compulsão natural de grande parte dos vereadores, que não se imaginam fora da área de influência do poder. A exceção foi o chamado “grupo dos 11”, mais de 12 anos atrás, que foi o tormento do prefeito Luiz Tadeu Leite em seu segundo mandato. Disso ele está livre, pelo menos por enquanto.
Mas, o certo é que os números das urnas indicam mudanças. Afinal, dos quinze atuais integrantes do quadro, nove não retornarão: dois, porque não disputaram a reeleição, tendo um sido candidato a vice-prefeito e o outro, ao que se diz, desencantado com a política nos termos em que ela costuma ser exercida, aqui e alhures. Quanto aos sete restantes, não é que tenham sido punidos pelos eleitores. Entre eles há pessoas qualificadas, sobre as quais, entretanto, entendeu o eleitorado que já deram sua quota de sacrifício na dura missão de legislar, chegando a hora de transferir o bastão.
É natural que cada eleitor, se interpelado agora, responderia que o candidato em quem votou merecia ter sido reconduzido. Mas aqui fica a indicação do vereador Guila Ramos, revelação da atual legislatura, a quem faltaram nove votos. A presença de dois outros membros da sua família na disputa deve ter influído nesse resultado. Aliás, para derrotas sempre se buscam explicações, enquanto que a vitória é auto-explicável.
O que se espera é que, com ou sem oposição, a próxima Câmara assuma com o propósito de alcançar mais eficiência e confiabilidade, campos em que a atual deixou muito a desejar. O grande teste será o grau de intensidade na concessão de títulos honoríficos, que o público em geral repudiou. O campeão na modalidade, com 86 propostas no ano legislativo de 2007, foi defenestrado...

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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