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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: GUANAMBI E O SONHO.
José Prates
Este jornal virtual, o moc.com. que você está lendo agora tem o poder de nos transportar ao passado e nos fazer reviver momentos agradáveis de nossa vida. Não digo que ele destinou-se a isto, nem é sua missão além de informar, como não é um mágico que faz ressurgir do tempo as cenas vividas por este ou aquele leitor, mas, apresenta fatos que nos mexem com a memória e neles o passado brota antes que possamos retê-lo. O fato é que a área de alcance e influência do jornal é grande, centrada principalmente no norte de Minas e grande parte do sertão baiano, procedência de muita gente que vive ou viveu em Montes Claros, como é o meu caso. Nasci e vivi minha infância e parte da juventude no sertão baiano e qualquer coisa publicada que se refira a esse lugar, provoca em mim a revolução na mente subconsciente, arrancando de lá o passado que representa aquela lembrança, jogando-o no consciente, fazendo o eu revivê-lo. Isto aconteceu agora, lendo a crônica de “seu” Pedro, enviada de Guanambi, Bahia. A recordação não veio propriamente da crônica, mas, do nome da cidade que, falando a verdade, já não me lembrava mais. São sessenta e tantos anos passados. Vivia em Urandi, o inicio da adolescência, cheia de sonhos e poesia. Trabalhava com meu Padrinho e pai adotivo na agência dos correios. Os correios de Guanambi, chefiados por “seu” Magalhães, eram coletores das mensagens procedentes de Urandi e por isso, eu tinha contatos diários com essa cidade, transmitindo e recebendo mensagens pelo velho aparelho Morse. Foi, então, que uma menina, não sabia que idade, aprendiz de telegrafia entrou no circuito. Devagar, lentamente, foi-se desenvolvendo. Quis sabe o seu nome: Celina.
Os contatos diários, o passar do tempo, o romantismo da adolescência que nascia, fez nascer o amor. Não nos limitávamos aos telegramas, transmitíamos também juras de amor. Não sabíamos a idade um do outro, nem procurávamos saber. Deixávamos que a imaginação suprisse essa falta. A poesia própria da idade, que vivia em mim alimentada pelo amor, eu passava para o papel e lhe enviava pelo correio. O tempo passava. O amor puro, inocente, sem desejo, alimentado pela paixão, aumentava. Foi, então, que resolvi conhecê-la pessoalmente, indo a Guanambi. Com permissão do “velho”, consegui um cavalo emprestado e dispus-me a viajar dez léguas no lombo do animal.
A viagem longa, sozinho na estrada, deixava-me ansioso. Passei por alguns lugares, pequenas comunidades que chamávamos de arrabaldes, num desses, Irundiára, conheci “seu” Manoel do Correio que me forneceu almoço. Prossegui a viagem e já era noite quando cheguei a Guanambi. Fui para casa de “seu” Magalhaes que me hospedou. Só no dia seguinte iria conhecer Celina. A ansiedade aumentou, não me deixando dormir, apesar do cansaço. A claridade entrou pela janela do quarto e me pus de pé. U’a bacia dágua estava no banco da sala junto com a tolha, para “lavar o rosto”; o café estava na mesa. A esposa de seu Magalhaes avisou-me que Celina estava chegando. Fui para sala de visitas, esperá-la. Menino de quatorze anos, inaugurando calça comprida e sapato social, esperando ansioso a primeira e jovem namorada. Não demorou e uma jovem de vinte e poucos anos, de braços com um jovem entrou na sala. Ela dirigiu-se a mim e perguntou surpresa: você é José? Sem entender, respondi que sim e perguntei por Celina;
-- Celina sou eu e este é o meu noivo Ricardo.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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