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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Um sopro de vida

Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Partiram José Afrânio Moreira Duarte, Pe. João Batista Megale e Alphonsus de Guimarães Filho, que ocupavam as cadeiras 16, 26 e 4 na Academia Mineira de Letras.
Assim, há vagas para a imortalidade no sodalício venerável da rua da Bahia, em Belo Horizonte.
Para suceder ao primeiro, já há eleito: Ronaldo Costa Couto, que falta tomar posse. Ora direis – tomar posse na imortalidade!...
Por certo, perdeste o senso, pilheriaria o poeta, diante da faculdade de ir-se ou permanecer.
Felizmente, academias há, e elas ajudam a pôr em ordem o mundo bélico em que vivemos.
Nessas ilustres casas, os conflitos são armados em termos de idéias, de sentimentos, de formas de expressá-los. Comentaria: uma guerra santa...
As academias não mais são torres de marfim. Nem tanto marfim existe mais para construir torres, tal a dizimação dos elefantes nos lugares que foram sua habitação.
As academias são, hoje, o abrigo mais seguro para os intelectuais, os pensadores, os fazedores de artes.
Petrônio Braz, ao empossar-se na cadeira 25 da Academia Montes-clarense de Letras, em sucessão a Geraldo Tito Silveira, pronunciou belo discurso, em que lembrou o pensamento de Eça: “A arte é tudo – todo o resto é nada. Só um livro é capaz de fazer a eternidade de um povo”.
Leônidas ou Péricles não bastariam para que a velha Grécia ainda vivesse, nova e radiosa, nos nossos espíritos: foi-lhe preciso ter Aristófanes e Ésquilo.
Tudo é efêmero e oco nas sociedades – sobretudo o que nelas mais nos deslumbra.
Podes-me tu dizer quem foram, no tempo de Shakespeare, os grandes banqueiros e as formosas mulheres?
Onde estão os sacos de ouro deles e o rolar do seu luxo? Onde estão os olhos claros delas? Onde estão as rosas de York que floriram então?
Mas Shakespeare está realmente tão vivo como quando, no estreito tablado do Globe, dependurava a lanterna que devia ser a lua, triste e amorosamente invocada, alumiando o jardim dos Capuletos. Está vivo de uma vida melhor, porque o seu espírito fulge com um severo e contínuo esplendor, sem que o perturbem mais as humilhantes misérias da carne!”
Nem todas as pessoas são tentadas a ingressar e a freqüentar essas entidades, que conseguem congregar, entretanto, os nomes mais significativos de uma atividade artística ou científica. Questão de preferência e gosto.´
Entre nós, entre os contemporâneos mais ilustres, estão Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade, que não se sentiram atraídos à Casa de Alphonsus, a Mineira de Letras, ou à de Machado, a Brasileira.
No entanto, alcançar uma vaga nesses sodalícios é uma glória, indispensável, comumente. A Academia, quase sempre, é prêmio, reconhecimento de um setor da sociedade a quem nela se distinguiu pela grandeza de contribuição.
O ingresso numa dessas casas é título de gratidão, honroso e respeitável, que dá prestígio a quem o recebe.
Os chefes de Estado e de Governo, os ditadores, não desprezam essas assembléias dos cultos.
Getúlio Vargas integrou a ABL. Castelo Branco, apreciava os acadêmicos e, parente e amigo, admirava Rachel de Queiroz. Fernando Jorge escreveu um livro dedicado aos imortais da Brasileira, aprimorando críticas, sem poupar os erros e as picuinhas entre os membros da principal casa acadêmica brasileira.
Lembra agora acadêmico, Petrônio Braz que a Escola de Isócrates se restringia a transmitir conhecimento, a repassar o saber.
Na de Platão, consoante a dialética socrática, questionava-se em função do esclarecimento, promovendo-se discussões que levassem à aquisição do saber.
Sócrates, condenado a ingerir a cicuta que o mataria, ao defender-se da acusação de corrupção, disse: “Enquanto tiver um sopro de vida, enquanto me restar um pouco de energia, não deixarei de filosofar e de vos advertir e aconselhar, a qualquer de vós que eu encontre.”
Assim prometeu, assim fez.

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