Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: AONDE AUGUSTO ME LEVOU
José Prates
Não foram dez minutos, mas, uma hora marcada no relógio, o tempo que levei percorrendo o “site” do escritor conterrâneo Augusto Vieira, primo de minha amiga Márcia que conheci nenem. Ele mostrou-me o caminho e eu fui devagar, passo a passo, pedaço a pedaço, saboreando cada estória, descobrindo ângulos escondidos de cada fotografia, enfiando-me lá dentro, sentindo até o cheiro do café que Oswaldo Antunes estava tomando no Bar do Galo, que não mudou de lugar. Ali nasceu e ficou. Andei por Montes Claros toda; vi pessoas que já se foram; conversei com os que ainda estão lá desafiando o tempo, como Luiz de Paula e Ruth Tupinambá, por exemplo. Conheci gente que eu só conhecia pelo nome como Paulo Narciso e Raphael Reys. Aliás, a imagem de Paulo Narciso que eu construi na mente, antes de conhecer a foto, baixo, gordo, moreno sem barba, desfez-se ao vê-lo sentado àquela mesa. Agora eu sei como ele é. Oswaldo Antunes quase não mudou. A mesma fisionomia, o mesmo jeito de encarar as pessoas. Foi assim que eu o vi na foto, no Bar do Galo, conversando com o Juiz. Tive a impressão de ouvir a sua voz, igualzinha a que ouvi a primeira vez levantando o jornal que eu lutava para não deixar morrer. Por falar em Bar do Galo, eu o conheci antes que chegasse a Montes Claros, no inicio da década de cinqüenta, trazido de Urandi por “seu” Augusto. Pois foi na sua origem que eu o conheci no inicio da minha adolescência. Era o único botequim que chamavam de “bar”, nome que ressoava como coisa chique de lugar grande. Foi nele que aprendi a jogar bilhar, depois veio o snooker, sofisticado, que a maioria nunca tinha visto. Aprendi rápido e qualquer quatrocentos réis que ganhava, ia lá jogar uma partida. O mil réis que o “velho” me dava no sábado, eu reservava para o snooker. “Seu” Augusto mudou para Montes Claros e levou o bar. Ah! Sai do Bar e continuei a caminhada. Encontrei Toninho Rabelo com seu jeito característico. Não o vi como Prefeito porque quando de sua eleição eu não estava mais lá. Sei que foi uma boa administração. O último Prefeito que conheci ali foi Dr. Alfeu, eleito em 1954 quando me candidatei a vereador pela UDN e fiquei na suplência. Depois do Toninho, encontrei Orestes Barbosa amigo do peito que muito me ajudou no jornal. Seu escritório era no mesmo prédio e o nosso contato era diário. Aliás, dois que influíram para escolha da minha carreira fora do jornalismo: Orestes Barbosa e João Luiz de Almeida. Não me animei a exercer a advocacia; nem cheguei a inscrever-me na OAB. Aliás, fiz sim a inscrição como estagiário, uma provisória que tinha a letra E. Passei na prova para Oficial da Marinha Mercante, embarquei e fui para o mar. Andei por esse mundo a fora nos navios da Vale do Rio Doce, levando minério de ferro e trazendo petróleo. Na Vale estou até hoje. Em terra, é claro. Nem sei se devo chamar o Augusto Vieira de colega, porque não sou advogado. Outro que encontrei foi o Mundinho Atleta com seu corpo franzino e alegria estampada no rosto. Sabe uma coisa que me intrigou nessa caminhada pelo Moc de Augusto, não encontrei Leonel Beirão em lugar nenhum. Não o vi na rua com sua boneca gigante, fazendo propaganda. Estranho, não é? Conhecido como era, desaparecer assim.
Quanta saudade desse lugar. Quantas vezes passamos por aqui. Talvez hoje não seja a mesma coisa. Na minha andança nesse site, vi uma vista parcial da cidade. Não é a nossa Montes Claros que ali está. Olhando da janela de minha sala, na Avenida Rio Branco, em direção à Praça Mauá, vê-se coisa quase igual. Quero ver a MOC do meu tempo para que a memória coloque-me lá fazendo-me viver aquele tempo, como faço agora percorrendo passo a passo a estrada que Augusto criou e me está conduzindo a todos os lugares, mostrando gente nossa conhecida. Alguns ainda estão aqui, outros já fopram pra o andar de cima.
O relógio marca vinte e três horas. Já é tarde. Vou dormir porque amanhã é outro dia e tenho que trabalhar.

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima