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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A objetiva insegurança

Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia)

Percebo que a inquietação não é somente minha. Muitas pessoas, milhões talvez, se sentem desprotegidas e inseguras nas mais distantes regiões e nos centros mais habitados e “civilizados”. Li, há pouco, a mensagem de uma senhora que se dirigiu a uma escola para matricular o filho, para o ano letivo vindouro. Foi informada de que o estabelecimento irá mudar, porque os traficantes rotineiramente por ali trocam tiros. São gangues rivais em ação, principalmente disputando no Feijão Semeando (o nome da área) pontos de venda de drogas. As escaramuças põem em risco o corpo docente e discente do educandário, o que levou o poder público a procurar novo local para a sua instalação.
Para aquela senhora, a sociedade está perdendo espaço para os bandidos e as autoridades não conseguem eliminar a violência: “Quem perde somo nós, pais, nossos filhos, que têm de se deslocar a distantes lugares. Aumenta ainda o custo escolar, porque se tem de gastar com condução.” Não só no Rio de Janeiro fatos desse jaez são notórios e inseridos no cotidiano. No caso, no interior de Minas Gerais, em pleno centro urbano, se instalou a favela. A pergunta ressoa: “Estamos sendo expulsos de nossos lares e da nossa região por bandidos e nem os políticos e nem a polícia fazem nada para dizimar esses marginais. Estamos morando nos morros do Rio de Janeiro? A população paga imposto é para viver com tranqüilidade e paz, e não num inferno habitado por traficantes, criminosos e toda essa corja que não respeita os cidadãos de bem.”
A explosão da mãe é natural neste período em que predomina a violência. Quem vê as televisões acompanha os fatos e ouve famílias pedindo “Justiça”, enfaticamente, como se a dor não reprimida fosse capaz de resolver. O problema é abrangente e complexo, compreendendo presentemente todas as regiões e os brasileiros, vítimas de uma situação não por eles criada e impossível de ser solucionada isoladamente.
Não se tapará o sol com a peneira. Vivemos em estado de alerta, quando não em temor. Não o percebem os eternos acomodados, os que se acostumaram, aqueles para os quais “quanto pior, melhor”, os exploradores dos males alheios, os insensíveis.
Em verdade, estamos em guerra não declarada, bafejado o clima interno pelos ventos da esperança e rogando-se para que as insatisfações não alcancem níveis insuportáveis. O poder público parece não ter condições de manter a tranqüilidade de determinados grupos ou a integridade física do cidadão, enquanto em áreas mais agudas se fez justiça pelas próprias mãos: seja na Amazônia, seja nas favelas cariocas ou paulistas.
O fogo cruzado entre gangues a rivais leva o terror aos morros e baixadas, enquanto as milícias, formadas parcialmente por egressos de organizações legais, acirram os ânimos, levando os honestos, os civis, homens e mulheres de todas as idades, possivelmente para o caminho sem retorno.
As famílias enlutadas que clamam por justiça não muito dela esperam, tantos artifícios para se escapar das punições. Ricos sobretudo, mas pobres também, encontram vias para se eximir das sanções. Os crimes de colarinho branco evidenciam que os responsáveis, os culpados, podem fugir à lei. E ai da nação cujo povo não crê nas instituições e na força da lei! O crime, acompanhando a sociedade moderna, sistematizou-se, organizou-se, e, embora ainda existam os marginais agindo isoladamente, por motivos vários. Hoje, não há os bandos, à moda antiga. São meras reminiscências,inteiramente ou quase, fora de uso. Houve transformações profundas, mas que não merecem estudos. A falta desse conhecimento, como se fora dispensável, não sensibilizou a doutrina a escrever a respeito, enquanto imperava o estado de insegurança na maioria das cidades.
Em prefácio de “O crime organizado na visão da convenção de Palermo”, de Rodrigo Carneiro Gomes, já em segunda edição, Wladimir Passos de Freitas declara que “a sociedade pós-industrial é a da “objetiva” insegurança”. Eis a questão, que a ninguém será lícito ignorar. Muito menos aos responsáveis pelas instituições e pela ordem pública.


(abaixo a mensagem no Mural que deu origem ao comentário acima do jornalista montesclarense Manoel Hygino:)

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