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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de setembro de 2024
 

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Mensagem: APRESENTAÇÃO Este bem elaborado documentário poderia, muito bem, salvar as Festas de Agosto, numa eventual ameaça de extinção. Disse documentário, mas se o leitor preferir, poderá chamá-lo de reportagem fotográfica, memorial descritivo ou álbum, como queira, que o brilho será o mesmo. Nossos historiadores informam que o terno de catopês se apresenta ao público de Montes Claros, anualmente, todo mês de agosto, desde o primeiro quartel do Século XIX, quando negros forros e cativos requereram licença à autoridade municipal para saírem à rua trajados à caráter,batucando, dançando e louvando os santos padroeiros, tal qual seus ancestrais africanos nas cerimônias tribais, que invocavam os orixás. Depois dos catopês vestidos de branco, que em outros lugares são chamados de congados, guardas de Moçambique e outras denominações de uso local, vieram completar a riqueza folclórica das Festas de Agosto os marujos e os caboclinhos de arco e flecha. Neste caldo de culturas estão representadas as três principais etnias que formam a nação brasileira: o negro que veio da África, nos porões dos navios negreiros, lamentando a saudade da pátria distante; o branco descobridor e colonizador, que nos legou o patrimônio da língua portuguesa; e o índio, que era o dono da terra e foi desapossado dela. As Festas de Agosto, com seu derramamento barroco de cores e cantigas merencórias, algumas primitivas, outras mais melodiosas, são o que nossa cidade tem de melhor para mostrar ao visitante, se lhe pedirem para ver as jóias, adereços e roupas de gala que deve ter guardados e usa e veste em apenas três dias de folia, como se fosse carnaval. Dá arrepio pensar que este festival da Cidade da Arte e da Cultura já poderia ter acabado, na voragem do progresso material e do crescimento urbano acelerado. Consta que a primeira ameaça de extinção ocorreu quando aqui chegaram os cônegos premonstratenses, há cem anos, em cumprimento de missão evangelizadora dos hereges. Oriundos da civilizada Bélgica, os padres brancos confundiram os catopês com culto pagão, de gentio que não seguiria os ensinamentos de Cristo, e teriam impedido a entrada do terno em templo católico. Porém, esclarecidos de que os catopês veneravam as imagens de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, contemporizaram e retiraram a censura eclesiástica. A segunda ameaça de extinção veio nas décadas de 1950 e 1960, do século passado, em que se observou, com preocupação, o enfraquecimento das irmandades dos catopês, marujos e caboclinhos, que estiveram perdendo, gradativamente, o prestígio social de que gozaram em outros tempos mais ditosos. Houve um ano, não sei qual precisamente, em que ficou decidido que a festa centenária não seria realizada, por absoluta falta de recursos financeiros. Foi aí que entrou em cena, inconformado com a decisão, um montes-clarense apaixonado por sua terra, sua gente e seus costumes, o médico e historiador Hermes de Paula, cujo centenário de nascimento se comemora neste ano, e que botou o bloco na rua. Em atitude de verdadeiro mecenas, protetor das artes e da cultura, e sem que fosse milionário, custeou de seu próprio bolso as despesas para a apresentação de nosso maior espetáculo popular. Ele não deixou o samba morrer. As Festas de Agosto foram salvas pela segunda vez. Tenho a mais absoluta certeza de que não haverá a terceira ameaça. Porque a efeméride faz parte do calendário turístico e cultural e conta com a simpatia da sociedade e o apoio efetivo da administração municipal, por ser considerada a cara de Montes Claros, cantada e decantada em verso e prosa, pintada, fotografada e filmada em todos os ângulos. Este valioso trabalho da fotógrafa Ângela Martins Ferreira é um documento iconográfico que indica a real importância da manifestação folclórica e mostra todo o esplendor de sua beleza cênica. A fotografia perpetua a imagem. Os chineses, em sua sabedoria milenar, já diziam que uma imagem vale mais que mil palavras. Ângela, que merece o nome angelical que ostenta, capta a imagem e externa seu sentimento de contemplação com palavras que enriquecem o flagrante. Poesia é com ela mesma, e é fácil explicar o porquê. Quando criança, na histórica São João Del Rei, sua cidade natal, morou em uma casa ao lado de outra onde já havia morado, em priscas eras, Bárbara Heleodora, a heroína da Inconfidência Mineira e musa inspiradora do marido, o poeta Inácio de Alvarenga Peixoto. Quem não se lembra dos versos que seu consorte lhe enviou do cárcere: “Bárbara bela, do norte estrela, que meu destino sabes guiar.” Penso que a dedicada autora deste documentário, ao empunhar a câmera e procurar o melhor ângulo para estas fotos fantásticas, incorpora a inspiração trovadoresca de Bárbara bela, que também versejava, e dá mais beleza às belíssimas Festas de Agosto. Afinal, fotografia é arte, é magia, é poesia. (Do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros)

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