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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A CASA TORTA Diz o dito do malandro que chapéu de otário é marreta. O homem da roça, ou o nosso “caboclo curraleiro”, como bem dizia o saudoso Deca Rocha, é um ser drumoniano, ou seja, movido pela semântica libidinosa do sertão. Treitou, relou, ele estava intumescido! Principalmente se o assunto era um rabo de saia ou uma alcova tropical. No bom 1973, Otaviano, pequeno comerciante do bairro Major Prates, vivia nas quebradas dos Morrinhos tomando umas e outras e atrás de uma aventura amorosa com as mariposas do conjunto de Zé Côco. Vermelho como um pimentão, meio sarará, bigodão a Miguel Aseves Mejia e, para impressionar a galera, uma bota Agabê de cano alto. Em uma tarde inusitada de muito 171, Otaviano vagava pela rua General Carneiro, entroncamento com Referiu Leite, como todo bom milongueiro assoviando... “O dia em que me queiras...” Cheirando a Royal Briar, brilhantina Glostora. Vestia calça de Pervinc 70, calçava sapato feito pelo mestre Penalva o “couro cheio de vento”. Logo caiu vítima do olhar “Farol Alto” da esperta Josefa Loura, uma balzaquiana de cabelo fulvo e enrolado, boca meio torta (de rosca) cara de lua, muito ruge no rosto branco leitoso, vestido tomara-que-caia, bumbum ao estilo “meu Ceará”, boca e unhas em vermelho-carmesim, cobra criada pela larga das ruas, o “modus vivendi” de cavalgar sem arreio, amante de malandro “xincheiro” e destemido no pedaço. Na época, os internacionais rapazes cabeludos da urbe, Paulinho Relojoeiro e Viana, (Tadeusista doente), conhecedores do trecho e de suas potencialidades, informaram a este cronista que até a esquadria da janela do barroco torto era torta, também. Habituada a identificar otário de longe, deu um sorriso magnético no estilo 53, jogou um selinho com as pontas dos dedos e chamou o trouxa para dentro do seu barraco torto. Para completar o quadro, havia um cachorro pequenez amarado à entrada dando segurança, enquanto a sua dona depenava o otário. Uma cena digna de Felline! O “modus operandi” era o seguinte: Estando o otário já despido e devidamente intumescido no interior do quarto, o malandro (já na campana), amante da Josefa Loura,chutava a porta e bradava com uma peixiera 12 em riste ameaçando céus e terra! Cobrava dois meses de aluguel (supostamente) atrasados, ameaçando a todos de morte. O negão tinha “phisique de role” de Sansão antes da gripe, pescoço taurino, sobrancelhas de sátiro e pendurado no pescoço um colar de Kimbanda. Usava um anel de aço com a imagem de São Jorge Guerreiro e calçava sapato branco. Ela entrava quarto adentro em desespero, empurrava o otário vestido só de cueca Torre pela janela que dava para a rua lateral, já tendo antecipadamente aliviado a grana que estava na calça do “Loque”. Esse, na inocência, agradecia à divindade ter escapado com vida. Mesmo só de cuecas, mas com vida... Dentro da Casa Torta a loura rachava a grana com o malandro e iam comemorar dançando na pista do Bandeira 2, enquanto Otaviano lá estava na Catedral, a rezar aos santos e anjos, em agradecimento.

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