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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Atração irresistível Waldyr Senna Batista Esta proposta do prefeito Luiz Tadeu Leite, de transformar a Praça de Esportes em terminal rodoviário, não é original. Ela vem sendo aventada há quase trinta anos e não foi levada a cabo porque, tendo provocado repercussão negativa, desencorajou seus artífices, devido aos efeitos eleitorais catastróficos previstos. Na última campanha municipal, o tema voltou a ser tratado, dessa vez pelo candidato Rui Muniz, que imaginou para aquele local uma espécie de jardim suspenso da Babilônia caboclo. Previa a construção de edifício de três pavimentos, que teria o terminal rodoviário no térreo, um conjunto de salas no segundo piso e, no terceiro, a réplica do que existe hoje na Praça de Esportes. Uma geringonça. De maneira geral, a maioria dos últimos prefeitos revelou alguma pretensão de utilizar aquele terreno para finalidade diferente. Sobre eles, por algum motivo, a Praça de Esportes exerceu atração irresistível. Em parte, devido às avantajadas dimensões do terreno; de outra parte, porque eles jamais souberam avaliar, na devida conta, a importância do complexo ali existente, que dá alívio à cidade sufocada pelo clima quente e espremida pelo traçado de ruas estreitas e tortuosas; e foram incapazes de atribuir a devida importância à atividade lúdica que ali se pratica. Embora corroída e relegada ao abandono, nos últimos tempos, a Praça de Esportes tem uma bela história na formação dos jovens que a frequentaram, principalmente nas décadas de 40 a 60 do século passado. Nesse período, ela revelou campeões e contribuiu, exemplarmente, para a formação da juventude sadia. Sua construção, por iniciativa do prefeito Antônio Teixeira de Carvalho (Dr. Santos), se deu numa época em que a Prefeitura limitava-se a cuidar (muito mal, por sinal) da acomodação de bruaqueiros que vinham da roça para a feira dos sábados no mercado municipal, e do trânsito de carroças nas ruas de terra batida, desprovidas de iluminação pública e praticamente sem redes de abastecimentos de água e de coleta de esgotos. O surgimento dela beneficiou, entre outros, dois setores: proporcionou lazer e educação para a juventude principalmente da camada pobre da população; e saneou imensa área da cidade, que se estende dali até o bairro Alto de São João, onde hoje se situa o bairro São José, na verdade um pântano que era apelidado de “Várzea”. Foi, seguramente, a mais importante realização da Prefeitura na primeira metade do século passado, compondo conjunto de obras que imortalizou o prefeito Dr. Santos, falecido em 1942 em pleno exercício do cargo. Uma obra de cunho ecológico. Apesar do assédio de vários prefeitos, a Praça de Esportes resistiu durante todo esse tempo. O único que ousou quebrar o encanto, desfigurando a planta original daquele logradouro, foi o prefeito Jairo Ataíde, que construiu quiosques na lateral da avenida Padre Chico, onde foram alojados camelôs tirados do meio da rua Cel. Joaquim Costa. Ele se viu diante do dilema de avaliar qual seria o mal maior: deixar os camelôs onde estavam (o que era inaceitável) ou a construção dos quiosques (para o que poderia ser encontrado local mais apropriado). Essa medida teve o efeito maléfico de mostrar que aquele patrimônio público não é intocável. Não houve manifestações contrárias, nem mesmo por parte do órgão que se apresenta como protetor do patrimônio histórico do município e que, ao que se sabe, não fez o “tombamento” da Praça de Esportes, embora tenha assim procedido até com imóveis de propriedade privada. O prefeito Luiz Tadeu Leite deu divulgação a sua proposta de suprimir a Praça de Esportes, acenando com a compensação de construção de outra, em outro local. O que não tem o poder de dourar a pílula. Mais sensato seria abandonar o projeto e buscar soluções menos traumáticas para o problema do trânsito da cidade. Que, ao que consta, está nas mãos do urbanista Jaime Lerner, famoso internacionalmente por respeitar o patrimônio ecológico, marca característica da Praça de Esportes. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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