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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Falta desconfiômetro Waldyr Senna Batista De tão comum, ultimamente, café da manhã está em vias de ganhar a classificação de “pau para toda obra”. Presta-se ao lançamento de marcas e produtos comerciais; anúncio de obra pública; divulgação de candidaturas eleitorais; exibição de resultado de balanço de empresas, e muita coisa mais. Em outros tempos, esse tipo de comunicação se fazia mediante publicação de anúncios ou por contato direto dos interessados em visitas às redações, o que dava muito trabalho. Como cresceu muito o número dos veículos, passou-se a convocar o pessoal supostamente ligado à imprensa para entrevistas coletivas, oportunidade em que todos eram abastecidos com informações. Para simplificar as coisas e torná-las mais atrativas, as assessorias de imprensa introduziram a prática do café da manhã, em que se serve mesa farta e onde se fala quase nada. Sobre recente encontro da espécie na cidade, falou-se em comparecimento de mais de quarenta convivas, identificados como militantes da imprensa. Esse número surpreendeu, pois ignorava-se que houvesse tanta gente militando na área. Mas logo se concluiu que estava próximo da realidade, considerando-se que só de cronistas sociais havia uns dezoito ou vinte, além dos pretensos autores de colunas, supostos repórteres, “blogueiros” e que tais e, naturalmente, alguns jornalistas. As assessorias de comunicação de empresas, órgãos públicos e de políticos em busca de voto têm em suas agendas o nome desse pessoal, com telefone e Email, identificados os que costumam atender aos convites para conversar amenidades e, eventualmente, sobre produtos ou fatos que motivaram a reunião. Se dez por cento dos presentes derem registro em suas colunas, será grande coisa, comprovando a eficiência das assessorias. E se, além disso, os veículos que representam faturar alguma coisa, melhor ainda. Porém, a vulgarização do expediente ardiloso tende a eliminar seus efeitos práticos, tal como sucedeu com as entrevistas coletivas. Elas começaram ouvindo presidentes da República e ministros, e, quando menos se esperava, até vereador estava sendo entrevistado. Não que vereador não seja importante. Mas a própria imprensa é que deve estabelecer critérios de seleção, não se deixando envolver pelos que lançam mão da divulgação de forma imprópria. Neste caso, o primeiro item a ser considerado resume-se naquela pergunta: a quem interessa, ao entrevistado ou ao público? Estando chegando ao nível de ouvir candidato a candidato a deputado, teme-se pelo pior. É que os integrantes desse pelotão contam-se às centenas. Grande parte na condição de balão-de-ensaio. Não têm o que dizer. Não é o caso, por exemplo, do deputado Ciro Gomes, que se candidata a presidente da República pela terceira vez, e tem gabarito para tanto, apesar de abusar no uso de palavrões. E do senador Hélio Costa, que também está imune a restrições, ele que tem sido presença constante em Montes Claros, se não para inaugurar obras do Ministério das Comunicações, que dirige, ao menos para divulgar sua candidatura a governador. Enfim, a turma da imprensa, que não precisa de conselhos, certamente já atentou para o sinal amarelo nessa questão de café da manhã. Se alguns dos que lançam mão desse expediente não têm por hábito usar o “desconfiômetro”, dando-se mais importância do que têm, cabe aos jornais e emissoras se precaver, sob o risco de se apequenar. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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