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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A TRAGÉDIA DE MARIANA E O SILÊNCIO DE MARINA * Marcelo Eduardo Freitas   Os acidentes com barragens, de um modo geral, são mais comuns do que se concebe. Revelam, quase sempre, deficiências no manejo de suas estruturas e certo descaso com a legislação, especialmente a ambiental. Fundada em 1977, sendo responsável pela produção de pequenas bolas de minério de ferro empregadas na produção de aço, a mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, é a 10ª maior exportadora do Brasil. A empresa atua em Minas Gerais e no Espírito Santo, estados por onde a tragédia se mostrou mais estridente, particularmente por serem cortados pelas águas do Rio Doce, mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na Região Sudeste, com cerca de 853 km de extensão. A China, no ano 1975, registrou o maior incidente na área, após o rompimento de duas grandes barragens, sucedido pela ruptura de outras 62 estruturas secundárias. A catástrofe ocasionou a morte, direta ou indiretamente, de 230 mil pessoas. O Canadá, por seu turno, também amargurou tragédia similar, quando a barragem da mineradora Imperial Metals rompeu em Mount Polley, na Columbia Britânica, e liberou 14,5 milhões de metros cúbicos de resíduos, dos quais 4,5 milhões de areia contaminada. Não houve registro de mortes. A Itália também sofreu com o descaso ambiental: em julho de 1985, a ruptura da barragem de Stava causou a morte de 268 pessoas. No Brasil, a tragédia de Mariana, com o rompimento do dique do Fundão, liberou 62 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos, que percorreram cerca de 500 Km, até desembocar em alto-mar. Passados pouco mais de um mês do drama, 15 corpos foram encontrados. 8 pessoas ainda estão desaparecidas. A atuação do governo brasileiro na tragédia não tem sido considerada satisfatória. Recentemente, a ONU fez duras críticas ao que considerou uma resposta ´inaceitável´ por parte dos mandatários de nossa nação, além da Vale e da BHP Billiton. A ausência de divulgações precisas sobre os riscos gerados pela enorme quantidade de lama no Rio Doce foi uma das principais queixas. Obviamente, as observações da ONU são procedentes. ´As providências tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a BHP para prevenir danos foram claramente insuficientes. As empresas e o governo deveriam estar fazendo tudo que podem para prevenir mais problemas, o que inclui a exposição a metais pesados e substâncias tóxicas. Este não é o momento para posturas defensivas´. A digressão acima vista, com viés manifestamente crítico, mas completamente apartidário, tem um gritante propósito: chamar a atenção para o silêncio eloquente e absurdo daquela que se autoproclamou porta voz das questões ambientais e fundadora do partido rede sustentabilidade. Sim, caro leitor, onde está Marina Silva? Por que mantém o mais absoluto silêncio sobre a terrível tragédia humana acima relatada, a nosso sentir a maior desdita ambiental do país? Marina Silva representava o que se denominou de ´terceira via´ em 2010. Repetiu o mesmo desempenho de votos nas eleições de 2014. 22 milhões de pessoas acreditaram nela. Inclusive eu. Mas, com pesar, constata-se que pouco ou nada fez para quem se anunciava como uma das principais lideranças do ´ambientalismo´ em nossa nação. ´Será que a obtusidade política e o oportunismo seletivo de Marina é tão cretino quanto se imagina? Será que as ligações de Marina com financiamento de campanhas e seus diversos ‘aliados` de gigantescas empresas brasileiras, tão conhecido por todos, são igualmente espúrias como o são de toda a nossa classe política?´ Chico Xavier dizia que ´a omissão de quem pode e não auxilia o povo, é comparável a um crime que se pratica contra a comunidade inteira´. A neutralidade e a mudez diante da injustiça é pior que a própria injustiça. O ímpio, pelo menos, tem a coragem de ser ímpio ao cometer a injustiça. Agora, o convenientemente silente se faz conivente por covardia, cometendo a injustiça por omissão. Infere-se do ímpio, mormente, apenas um pecado! Infere-se do omisso, todos os outros, somados à sua patente covardia. Mariana sofreu pela ação dos maus. Marina erra ao omitir-se do bem. E assim caminha o nosso futuro político. Sem lideranças constituídas. Difícil acreditar em alguém. Mais difícil ainda é confiar em partidos políticos. Mas, sei, é preciso buscar luz no fim do túnel. Fazer hoje, matutando no porvir. Como diria Paulo Freire, ´pensar no amanhã é fazer profecia, mas o profeta não é um velho de barbas longas e brancas, de olhos abertos e vivos, de cajado na mão, pouco preocupado com suas vestes, discursando palavras alucinadas. Pelo contrário, o profeta é o que, fundado no que vive, no que vê, no que escuta, no que percebe... fala, quase adivinhando, na verdade, intuindo, do que pode ocorrer nesta ou naquela dimensão da experiência histórico-social.´ ´Aos navegantes destas águas turvas´, originárias ou não de Mariana, resta a esperança de que a decepção não estanque a vontade consciente de acertar do povo brasileiro. Oxalá tenhamos dias melhores! (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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