Com atraso de quinze anos, rodovia que atravessa M. Claros passa a exibir a homenagem do Brasil a um dos seus maiores escritores, o que tornou o Grande Sertão conhecido e admirado no mundo inteiro
Quarta 09/08/23 - 13h24Em 5 de agosto de 2008, o Senado divulgou:
Passará a chamar-se Rodovia Guimarães Rosa o trecho da BR-135 entre o entroncamento da estrada BR-040, no município de Curvelo (MG), e a cidade de Januária (MG), segundo projeto de lei (PLS 134/08) aprovado nesta terça-feira (5), em decisão terminativa, pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). (...)
O trecho que ganha o nome do escritor passa perto de Cordisburgo, cidade natal de Rosa, e corta boa parte da chamada região das Gerais, bastante mencionada no livro Grande Serão Veredas."
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Pois bem.
Foram necessários 15 anos para que a justíssima homenagem tomasse corpo.
Na chegada a M. Claros, bem mesmo na entrada urbana, na descida da serra de Bocaiúva, acaba de ser afixada a sinalização da homenagem, ainda que tardia.
Para o Norte de Minas, especialmente para M. Claros, a homenagem é daquelas em que quem homenageia sai homenageado.
O menino Joãozito, acima de todos, foi quem na literatura expressou melhor a cultura de sua cidade e da sua região, o Grande Sertão, do qual M. Claros é parte robusta.
Joãozito, repetimos, deitava-se na parte de baixo do balcão, na venda de seu pai, Florduardo Pinto Rosa, e dali ouvia as histórias dos vaqueiros que passavam tangendo imensas boiadas no trem momentaneamente parado na porta da venda, na Cordisburgo amada.
O mesmíssimo trem que em 1928 alcançou M. Claros, no maior dos nossos dias.
"M. Claros me deve paixão" - escreveu Rosa, no diálogo de um cabaré, síntese de um amor eterno.
Agora, ainda que com atraso, chegou a vez de retribuir.
É preciso que, em algum tempo, a universidade de M. Claros adote o nome de Universidade do Grande Sertão.
Aí, o mundo saberá de vez onde se localiza o Grande Sertão de Guimarães Rosa, captado em Cordisburgo, no vazio de um balcão de venda.
Somos felizes, muito, pela identificação com a obra - cada vez mais reconhecida - de Joãozito. "Convosco recomponho, revenho ver..."