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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: SEMPRE ELA A NOS RONDAR Ao primo Almir Maia e Silva Será que ela é alta? Será que seu manto é negro? Será que porta aquela imensa foice? Será que é magérrima? Será que tem olhos cavernosos? Sei lá, mas o fato que, fora da literatura de ficção, especialmente a de José Saramago, ela não é intermitente. Nunca pára de nos afligir. Quem é a mídia para se comunicar tanto com as pessoas quanto ela. Mal aplica sua tenebrosa foiçada, a notícia se espalha com velocidade incrível. Meu amigo Roberto Elísio – que já sofreu, através da filha Cristina, um estrondoso e inesperado golpe – contou-me que, em sua Santa Luzia, quando ela levava alguém fora de hora eles costumavam dizer que o fulano se precipitara. Um dia convidei-o, após dar a notícia da partida de um grande companheiro, ao velório. Respondeu que não iria. Perguntei o motivo e ele, de supetão, brincando: – Não vou, não, Bala, ele não irá ao meu!?! Quando a gente vai envelhecendo – meu caso – ela começa a rondar, sorrateiramente, nossas vidas. E a gente passa a meditar sobre e a falar dela com mais freqüência. Quanto a mim, garanto que não a permitirei o prazer de se vangloriar por me levar, porque a receberei com tamanha naturalidade que, se ela me der bola, darei uma boa namoradinha com ela, até por gratidão, porque, afinal, foi ela que me fez captar a grandeza infinita da vida e ensinou-me que viver é ser feliz hoje, aqui e agora. Não esperarei por ela; ela que, se possível, espere por mim. Prorrogarei, o máximo, meu embarque. E espero viajar num momento de alegria. Meus “encomendadores” terão que dar um duro danado para fechar meu sorriso e me transformar em defunto sério. Como diria o bom povo de Santa Luzia, meu caro primo Almir, que ali já residiu, precipitou-se. A megera o colheu muito cedo. Mas fica, aqui, registrado o mais veemente protesto de seus muitos amigos, especialmente dos de infância, Bala Doce, Jairo Ataíde, Nozito Mota e Artur Ramos, da gostosa turma do primário, do Grupo Escolar Francisco Sá, ali bem pertinho do casarão de “seu” Veraldino e de “tia” Lourdinha Maia, cuja alegria nos contagiava.

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