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Mensagem: Imprensa e história<br><br>Waldyr Senna Batista<br><br>Jorge Silveira antecipou-se nas correções a equívocos cometidos por Genival Tourinho no artigo em que este tratou do surgimento do colunismo social na imprensa local e da extinção do jornal Gazeta do Norte. E deixou em aberto a possibilidade de também ele estar cometendo deslizes, por entender que “memória e história geralmente se conflitam”.<br>Pelo menos alguns adendos tornam-se pertinentes. Como no relato que se refere à transferência de Lazinho Pimenta, da Gazeta do Norte para O Jornal de Montes Claros. A mudança se deu pelas mãos de Mário Ribeiro, que considerava desperdiçado o talento do cronista devido à pequena circulação do jornal que publicava suas crônicas. Por iniciativa própria, com a desenvoltura que o caracterizava, ele levou Lazinho para o JMC, para atuação destacada durante quase trinta anos.<br>Sobre Teodomiro Paulino, também citado pelos dois articulistas, ficou faltando o registro de como ele deixou de ser bancário do Banco Comércio e Indústria para abraçar a longa carreira. Suas primeiras crônicas sociais foram escritas no O Jornal de Montes Claros, a convite de Lazinho, que se afastaria em férias. Cumprida a interinidade, algum tempo depois Teodomiro assumiria a coluna social do Diário de Montes Claros. <br>E como se deu o desaparecimento da Gazeta do Norte ?<br>Genival e Jorge divergem. O primeiro procurou atribuir conotação ideológica ao fato, devido à publicação de artigos em que, no final do governo João Goulart, alguns autores defendiam a então explosiva tese da reforma agrária. Entre eles, o poeta Cândido Canela, o padre Paulo Emílio Pimenta de Carvalho e o médico Clóvis Guimarães, todos já falecidos. Com o golpe de 64, o jornal teria sofrido processo de asfixiamento de crédito bancário, a exemplo do que ocorria com importantes órgãos da grande imprensa nacional. Essa pressão, segundo Genival, teria impedido a modernização do jornal. Jorge afasta o aspecto ideológico, no que tem razão.<br> Com sua tese, Genival superestima a importância do modesto jornal da província, que começou a morrer muito tempo antes. A agonia dos jornais é lenta e penosa. No caso da Gazeta do Norte, porta-voz oficioso do diretório local do PSD ( Partido social democrático ), o declínio teve início na eleição de 1950, em que o capitão Enéas Mineiro de Souza derrotou Hermes de Paula, afastando o velho PSD da prefeitura e, em 1951, fundando O Jornal de Montes Claros para servir de sustentação a sua administração. O novo jornal trouxe para a cidade o sistema de composição a quente ( linotipo ), o mais avançado na época. Sua presença provocou abalo considerável no tradicional jornal pessedista, que sofreria novo golpe em 1954, quando o jornal do capitão foi adquirido pelo jornalista Oswaldo Antunes, inaugurando o período mais produtivo da imprensa regional, sem vinculação com grupos políticos.<br>O PSD retomaria a prefeitura na eleição seguinte ( 1955 ), elegendo Alfeu de Quadros, que praticamente não assumiu, pois tinha aversão à política, sendo substituído pelo vice, João F. Pimenta, que também se licenciou, para que o presidente da Câmara, Geraldo Ataíde, se tornasse “o prefeito do centenário” e disputasse a eleição daquele ano ( 1957 ). O eleito, no entanto, foi Simeão Ribeiro Pires, do PR.<br>Mas os pessedistas tradicionais ainda tentariam a última cartada para assegurar a fatia do poder que a Gazeta do Norte representava. Morto seu diretor, Jair Oliveira, eles organizaram uma sociedade anônima, sob a presidência de Luiz de Paula Ferreira, para assumir o comando do jornal, que tinha como redator o vereador Joaquim de Abreu e Silva. O projeto, no entanto, não obteve o êxito esperado, justamente porque, longe do poder, poucos foram os políticos que se dispuseram a aplicar dinheiro nele.<br>Os tempos eram outros, a imprensa local deixara de ser instrumento de grupos políticos para assumir a luta na defesa dos interesses maiores da cidade e da região, na linha implantada por Oswaldo Antunes. A extinção dos partidos políticos, em 1965, também contribuiria para a eliminação das carcomidas lideranças, diluídas no bipartidarismo imposto pelos militares ( Arena e MDB ).
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