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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A missão do jornal

Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia, 21/02/2007)

No dia 24 deste mês, a imprensa de Montes Claros comemora 123 anos de existência. É uma data marcante, por vários motivos, a começar porque se trata da maior cidade em vasta região de Minas, importante do ponto de vista social, econômico, político, literário e artístico.<br>No dia 23, o curso de Jornalismo das Faculdades Unidas do Norte de Minas, Funorte, pretende organizar palestra para focalizar a significação da imprensa local para toda a vasta região. Muitos atos marcarão o acontecimento, com apoio do HOJE EM DIA e a participação direta de Girleno Alencar, da Sucursal Norte.<br>Dois projetos predominam: o início de campanha para construção da Casa do Jornalista, em área doada pela Prefeitura; segundo, a preservação do acervo da história da imprensa local, mediante digitalização de jornais e revistas, a ser viabilizada, como se espera, pela Unimontes e Fapemig.<br>Falar no assunto não é bairrismo, embora haja contentamento e orgulho neste escriba. Enfim, lá dei os primeiros passos, datilografando linhas para um dos jornais prestigiosos da época, a Gazeta do Norte, de propriedade e sob direção de Jair de Oliveira, filho do fundador José Tomás.<br>Onde há imprensa, há liberdade e consciência de deveres a cumprir e direitos a respeitar. Os núcleos urbanos exigem imprensa, e esta há de ser livre, para elogiar ou criticar. O jornal constitui uma atalaia, uma fortaleza das causas da coletividade. Indivíduos “alterius macrescet rebus”. A virtude aterra os perversos e o porta-voz da virtude deve ser a imprensa independente, informativa, corajosa.<br>O primeiro jornal de Montes Claros foi o “Correio da Noite”, que publicou em 22 de fevereiro de 1884 a folha inaugural. Era um semanário político, literário e noticioso, sob responsabilidade de Antônio dos Anjos e Antônio Augusto Veloso.<br>Jornal, à época, não era bom investimento. Muitos se abriram e muitos cerraram as porta nestes 123 anos.<br>Era a voz da cidade, de suas lideranças, do cidadão, a divulgação cultural, social e artística, a produção literária, o instrumento de anseios e causas da população. Tornaram-se, no correr de anos, o berço de jornalistas que se destacaram ou se consagraram em âmbito estadual e nacional.<br>A maioria teve vida efêmera e não era exceção, num tempo em que a imprensa procurava afirmar-se como instrumento de comunicação e, mais do que isso, de afirmação da cidade, do município, de uma região muito relegada pelos poderes públicos, surdos aos reclamos da sociedade.<br>A imprensa incomoda. Não poucos jornais no mundo foram empastelados, destruídos seus prelos; a censura quase sempre violenta, amordaçava ou degolava.<br>No caso da “Gazeta do Norte”, em que vi publicado, orgulhosamente, o meu primeiro escrito, focalizando a morte do Mahatma Gandhi, a grande alma, houve sempre muita expectativa diante das contendas políticas que agitavam Montes Claros à época.<br>O fundador, José Tomás de Oliveira, era um pernambucano do Recife, que decidiu montar um negócio perigoso: editar jornal. Ao nordestino, não faltava tenacidade. Com o tempo, cada edição se transformava em festa.<br>Impressa a última página, saudada por banda de música, fogos espocando nos ares, ceiava-se. Depois, os participantes do ágape cívico-etílico-gastronômico, embora moderados, saíam às ruas nas funções de jornaleiros. Ao cantar triunfal dos galos, a “Gazeta” era distribuída aos assinantes, por baixo das portas, como se fossem documentos de grupos revoltosos.<br>A “Gazeta” foi de luta em campanhas memoráveis. Assim são os jornais.

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