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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: COBRA COM CAÇOTE

1980. Bilo Barbeiro, conhecido galã dos Montes Claros de antanho, dom Juan das gerais, estava no auge das suas conquistas amorosas. Elegantemente trajado, calça de tropical, camisa de cambraia de linho, sapatos brancos, bigodinho à Clark Cable, cabelo penteado e lustrado à brilhantina Glostora.
Sempre cheirando a sabonete Lifebuoy, incendiava corações suburbanos. Era um especialista em bagageiras e alcovas de bairros. Um consolador de mal amadas! Um autentico “pé de pano Tupiniquim”.
Sempre que encontrava o Zé Amorim, relatava ao mesmo, as suas conquistas e aventuras, fazendo o saudoso Zé dizer entre assustado e repreendedor; `toma cuidado pé de anjo!-Qualquer hora vou ao seu velório!-Você está correndo perigo de morte!-”Mantenha distância de mim, tô com medo de algum marido traído atirar em você e me acertar por tabela”.
Numa tarde, estando em frente ao Café Galo, braços no ombro do Zé, Bilo Barbeiro gabava-se que, um fazendeiro recém-mudado para a city, vendera as fazendas e estava construindo casas para negociá-las no mercado imobiliário, o que era excelente negócio na época. Informava ainda estar íntimo da casa do dito usufruindo, café da manhã, almoço, merenda da tarde, jantar, cachaçinha com tira-gosto tudo no 0800. De quebra, estava amando a filha mais velha do distraído. A junção acontecia no barracão dos fundos. Bem debaixo dos narizes dos proprietários.
““ É uma lapa de morena, Zé, uma potranca curraleira, uma verdadeira galinha caipira ““. Amorim inconformado, balançava a cabeça pela ousadia do conquistador das gerais. Vez por outra reparava: “você ainda vai morrer de bala negão! Vou ler a notícia no jornal”!”
Conversavam de costas para o fluxo de pedestres, quando o citado fazendeiro pai da galinha caipira, chegou de supetão cumprimentando os dois seus conhecidos. Ele era cliente da Cowan, sua fornecedora de tijolos onde Amorim era gerente geral.
Zé, um actors studio tomado pela inusitada aparição do enganado, afastou-se com seu jeitão e de braços abertos teatralmente disse, entre espantado e revelador, dirigindo-se ao velho: ”você esta criando cobra com caçote seu distraído!”. Bilo Barbeiro, sabedor de que o fazendeiro era meio-surdo, o afastou rapidamente puxando-o para uma loja próxima, solicitando uma sua sugestão numa suposta compra de materiais que faria, evitando que o mesmo permanecendo no local, fizesse a pergunta fatal e conclusiva. ”Como é mesmo que o senhor falou seu Zé Amorim?” A resposta seria um desastre para o “pé de anjo” cheirando a Lifebuoy.

Raphael Reys


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