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Mensagem: UM ESQUECIDO CENTÉNÁRIO (2)<br><br><br>Virginia , primeiramente, como é bom tê-la de volta aqui no Mural. <br>As palmeiras se foram, mas os sabiás ficaram. Graças a Deus.<br><br>E aqui estamos nós, novamente, dizendo coisas que os novomontesclarenses (existe este termo ? Se não, passa a existir agora) teimam em querer fazer-nos esquecer.<br><br>Velhos sobrados, arborizadas avenidas, rico folclore, lembrança de grandes nomes e fatos do passado, para quê? Qual o lucro disso?<br><br>Sempre dizem, achando que bolso recheado compensa pobreza de espírito.<br><br>Talvez para tentarem se incluir, miseravelmente, como pseudo-arautos de um mundo novo, tentando fazer uma nova história, à falta de conhecimento desta própria e maravilhosa existente, tão rica quanto o maior dos tesouros que se pode querer neste mundo. <br><br> Mas... Deixa pra lá! <br><br>Você citou o livro de seu pai “Montes Claros,Sua História, Sua Gente e Seus Costumes” para outros detalhes sobre o assunto, mas eu gostaria de ir mais além. <br><br>Como talvez haja algumas pessoas que não têm a felicidade de possuir este tesouro que é o livro do Dr.Hermes, transcreveremos dois textos dele sobre os episódios de 1832 e 1857, bem registrados às páginas 18 e 21. <br>E assim, outros conterrâneos poderão fazer, também, sua análise sobre os acontecimentos históricos e participarem aqui com a gente. Serão todos bem-vindos.<br><br><br>1) “UM DIA DE FESTAS PARA NOSSOS ANTEPASSADOS<br><br>16 de outubro de 1832.´<br>Às 4 horas da madrugada um salva de 21 tiros saudou a população.<br>O sino dobrou em repiques. Mais cedo do que de costume o largo da igreja (hoje Praça Dr.Chaves) foi se povoando de fisionomias alegres, esperando o grande momento – a posse da primeira Câmara Municipal. <br>É que pela lei de 13-10-1831 o arraial de Nossa Senhora da Conceição e São José fora elevado a vila – Vila de Montes Claros de Formigas.<br>A eleição já se realizara, não havendo mortos nem feridos na apuração.E havia chegado o grande dia da posse, da emancipação política e administrativa.<br>- “Agora sim, somos senhores de nossos narizes” – disse o Pe.Ambrósio Caldeira Brant, ao passar para celebrar a missa, em que seria assistida pela Câmara eleita, pelas autoridades e pelo povo em geral, em ação de graças.<br>Após a missa, realizou-se a sessão solene. A casinha da Câmara não cabia um terço dos que desejavam entrar; o aperto era medonho; ninguém passava, mas... repentinamente surgiu entre o povo a figura venerável do Cel.José Pinheiro Neves. Todos os olhares acompanham-no com admiração, respeito e...(por que não dizer?) uma pontinha de inveja – era ele o grande chefe, o presidente eleito, o primeiro presidente da vila...<br>Vinha à frente de outros cidadãos também sisudos. Os Vereadores. <br>Entraram na sala principal – o Paço Municipal – e se dispuseram em torno de uma grande mesa. O silêncio se fez profundo. Pe. Ambrósio entregou ao Cel.Pinheiro os Santos Evangelhos ; êste com a dextra espalmada sobre o livro sagrado, falou de cor, compassadamente o juramento de cumprir o seu dever, colocando o bem coletivo acima do particular... Sendo acompanhado em voz alta por todos os vereadores. <br>Em seguida fez Pinheiro Neves um pequeno discurso, expondo seu plano de governo.<br>O vereador Mourão, vice-presidente e adversário político do presidente, falou também em nome da minoria. Seguiram-se vários assuntos.<br>Foi escrita e assinada a ata. Terminada a parte cerimoniosa, serviram-se aos presentes bebidas em profusão. À noite, todas as casas da vila se iluminaram, terminando o dia com um animadíssimo baile na residência do Cel. Pinheiro Neves, situada onde está hoje o Palácio Episcopal.<br><br>2) CIDADE <br><br>A 3 de julho de 1857 pela lei nº 802 a vila de Formigas foi elevada à categoria de cidade – cidade de Montes Claros.<br>Não encontramos registrado, em nossas buscas, nada que demonstrasse o regozijo da população pelo acontecimento. Nada de oficial, a não ser o texto da lei ; mesmo a tradição oral pouco transmitiu até nossos dias. Sabe-se apenas que a Banda Euterpe Montesclarense, fundada no ano anterior, saiu à rua pela primeira vez no dia em que se festejou o fato.<br>Poucos benefícios a transição nos trouxe, pois a nossa vila já desfrutava práticamente de todas as regalias de cidade – era independente em política e administração ; era cabeça de Comarca, com Juiz de Direito e Municipal; possuía Cartórios, etc.,etc. Daí o fato ter se apagado tão ràpidamente da memória dos montesclarenses.<br>A mudança do nome para Montes Claros veio ao encontro de uma velha aspiração dos formiguenses, conforme se lê no livro de atas das sessões da Câmara em 26-7-1844:<br>“O Sr. Presidente propôs que existindo duas vilas do mesmo nome de Formigas nesta Província e resulta muitos ofícios e papéis se desviarem, por isto era conveniente que se dirigisse à Assembléia Provincial por intermédio do Governo para mudar-se o nome de Formigas para Vila de Montes Claros”. <br>Não deixou, portanto, de trazer certa satisfação a transição de vila para cidade”.<br><br><br>Abraços a todos.<br><br><br>Flavio Pinto<br>
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