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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: MOC E A REVOLUÇÃO DE MARÇO<br> Oswaldo Antunes<br><br>Ao aproximar-se o dia 31 de março, aniversário da tomada do governo por um grupo de militares, é bom para os mineiros lembrar o que aconteceu com a participação do povo. do governo de Minas e de pessoas de Montes Claros naquele ano de 1964. Foi a Policia Militar de Minas, representada pelo 10° Batalhão, que garantiu a continuidade do funcionamento do Congresso Nacional enquanto a crise se desenrolava. O movimento revolucionário fora arquitetado por um partido político, a União Democrática Nacional que tinha, então, como lideranças mais ativas o ex-governador do Rio Carlos Lacerda, e o banqueiro José de Magalhães Pinto udenista de quatro costados e Governador de Minas. Com inspiração e influencia de Minas a Revolução se fez. Não agrada a muitos mineiros a aparente contradição entre o equilíbrio democrático dos nossos homens públicos e o governo de exceção que se instaurou. Homens como Milton Campos, Pedro Aleixo, José Maria Alkimim e o próprio Magalhães Pinto eram ícones das virtudes democráticas. Deve-se ponderar, entretanto, que desde a queda da ditadura Vargas, anos antes, o País clamava por uma revisão institucional e a classe política estava radicalizada em torno de outros interesses. A própria UDN tentara impedir a posse de Juscelino Kubitschek. Foi um grupo de militares, chefiado pelo general Teixeira Lott, que possibilitou a volta do País à normalidade congressual. Em 1964 esse grupo moderado tinha à sua frente o general Humberto de Alencar Castelo Branco e se opunha à linha dura de outro conhecido como grupo dos coronéis. Para os que não sabem, a primeira esposa do general Castelo Branco era de Montes Claros, filha do professor João de Andrade Câmara e da profª. Cândida Câmara. Castelo Branco iniciou sua carreira militar no 12° RI de Belo Horizonte. Era, assim, muito ligado a Minas. Um intelectual dentro da farda, tinha pensamentos como esses, que deixou escritos: “As Forças Armadas não podem atraiçoar o Brasil. Defender privilégios de classes ricas está na mesma linha antidemocrática de servir a ditaduras fascistas ou sindico-comunistas.” O seu grupo se propunha um movimento que afastasse do poder o ranço getulista, acabasse com o comunismo, mas mantivesse as garantias e direitos constitucionais. Com esse propósito foi desfechado o golpe, arquitetado a partir do Palácio da Liberdade. A guarnição federal de Minas, sob o comando do General Mourão Filho, já previamente contatado, aderiu. Ele não queria, entretanto, que forças do Exercito lutassem entre si. Para uma possível linha de combate com forças do Exercito que se mantivessem fieis ao governo, foi enviada a força publica mineira (o 10° Batalhão da Policia Militar sediado em Montes Claros). A ordem partiu do então comandante da PM, Cel. José Geraldo de Oliveira (da minha turma na Faculdade de Direito, onde tinha o apelido de Zé Guerreiro), para que o Cel. Georgino Jorge de Sousa, comandante do nosso 10° BPM, ocupasse Brasília e cumprisse a estratégia de garantir o funcionamento do Congresso. Aliás, no dia 11 de abril O Jornal de Montes Claros publicava em manchete: “Comandante do 10° BI chefia tropa que guarnece o Congresso”. Se a UDN queria tomar o poder das mãos do PSD e do PTB, ambos getulistas, a vocação de Minas pedia com veemência uma correção de rumos que evitasse o comunismo e a repetição do recurso à força. Na liderança do grupo dos militares moderados, Castelo Branco foi escolhido para a Presidência, substituindo o Presidente da Câmara Ranieri Mazzilli que a ocupara interinamente. Castelo não a quis assumir como militar da ativa: transferiu-se antes para a reserva e no posto de marechal recebeu a faixa, tendo na Vice Presidência o bocaiuvense José Maria Alkimim. Queria que se fizesse a normalização institucional do movimento revolucionário e para isso colocou Milton Campos no Ministério da Justiça. O propósito era uma transição rápida, apenas um ano, para restabelecer em bases sólidas a ordem jurídica. Esse propósito não contrariava os sentimentos liberais, já que, apesar da troca forçada de governo, a Constituição seria e foi mantida. Mesmo assim, ao ser convidado para o Ministério da Justiça, Milton ponderara que cada prisão manu militari seria para ele um drama pessoal. Ao que o Presidente argumentou que desejava Minas à frente da Justiça como sua carta de intenção. Milton havia feito a ordenação do sistema jurídico no governo do Estado, após a ditadura Vargas, e com a virtude do equilíbrio conseguiu superar as dificuldades. Além do que, no plano federal, a radicalização já estava levando a um modo de corrupção. Milton entendia que a justiça social deve ser inspiração da ação política e que deixa de ser justa quando se radicaliza ou quando o bem estar deixa de ser geral. Ao paraninfar os bacharéis da Faculdade Mineira de Direito, dez anos antes, fizera pronunciamento afirmando haver uma “crise de dignidade” que sugeria a existência de uma endemia moral. E mostrou que o clamor do Brasil contra a corrupção “teve uma de suas revelações mais deprimentes no ultimo pleito eleitoral.” Pelos motivos e pelos homens que a iniciaram, a revolução de 64 não pretendeu o poder pelo poder. Há de lastimar-se o erro (vitória da linha radical) da prorrogação do mandato do Marechal Castelo Branco, que estreitou o caminho para as expansões normais do regime democrático, com as conseqüências posteriores, quando, nem a presença de Pedro Aleixo na Vice-Presidência impediu que nuvens escuras cobrissem o panorama político.<br>Por muitos aspectos curiosos Montes Claros participou ativamente do movimento revolucionário de 64. O montes-clarense Darcy Ribeiro, então chefe da casa civil de João Goulart, era um dos mentores do governo que caía. Intelectual de escol, Darcy não chegou a ser bom político por faltar-lhe jogo de cintura. Quis uma resistência armada ao levante militar. Jango não, preferiu refugiar-se no seu Estado natal. Uma semana antes de eclodir o levante, o então prefeito de Montes Claros, Pedro Santos estivera na capital federal com Darcy Ribeiro que o teria levado a Jango, a quem hipotecou apoio e solidariedade; mas no dia 1° de abril, o Cel. reformado José Coelho de Araújo, que era vereador e seu amigo, o convenceu a tornar-se revolucionário “histórico”. Foram cassados dois juizes de Direito: o montes-clarense Sidonio Paes Ferreira e o juiz titular da Comarca de MOC, Abílio Leite Barbosa Filho, o que foi recebido no meio forense como atitude correta.. <br>Mas, no âmbito puramente da política municipal, a Revolução serviu de pretexto para pequenas brigas e perseguições. Depois veremos esse aspecto para que fique registrado na história de Montes Claros.
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(Acho que destrinquei a dúvida a respeito da mulher de Castelo Branco. Destrincar, como você sabe (ou não sabe?) é a mesma coisa que estrincar, isto é, torcer os dedos fazendo-os estalar... A mulher do marechal chamava-se Argentina Viana Castelo Branco, era irmã do Dr. João Viana, industrial em Belo Horizonte, que era casado com Maria Noeme Câmara, irmã de Abelard. Assim Castelo Branco era cunhado do cunhado de Abelard. )

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