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Mensagem: Difícil enqueteManoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia, 23/03/2007)Postos em fuga, expulsos pelas polícias das capitais, os bandidos invadiram o interior brasileiro, e mineiro, especialmente. Aqui se está perto de fontes supridoras de tudo o que precisam e dos centros consumidores de drogas. Aqui se situa a maior malha rodoviária do Brasil e, geograficamente, se está próximo às duas megalópoles.<br>A série de reportagens publicadas sobre o crime disseminado pelo interior do Estado teve sua síntese dramática inserida na edição de 11 de março. Carlos Calaes, Jacqueline Lopes, Margarida Hallacoc e Ana Lúcia Gonçalves relataram pormenores dessa indesejada invasão e das imensas dificuldades para se opor aos bandidos bem informados, bem armados e com quantitativos de ação superiores aos da polícia.<br>No Norte de Minas, a situação é de extrema inquietação. Viu-se o caso dos criminosos que assaltaram bancos na região de Bonfinópolis e que exigiram 400 agentes da polícia, viaturas e helicópteros, sem o resultado esperado. O crime foi modernizado e se sofisticou, não sendo mais o mesmo dos personagens de Rosa, Petrônio Braz e outros historiadores ou ficcionistas.<br>O jornalista Waldyr Senna Batista, comentando o alarmante crescimento da criminalidade em Montes Claros, a atribui ao tráfico de drogas. A cidade, por sua localização geográfica, foi incluída na rota do narcotráfico, atraindo bandidos que obedecem a ordens dos presídios nos grandes centros.<br>Roubos, furtos, arrombamentos, desmanche de veículos, assaltos a mão armada, delinqüência de menores, homicídios, execuções sumárias decorrem da ação desses perigosos marginais na maior cidade da região. O fim da industrialização, trazida pela Sudene, deixou milhares de pessoas sem qualificação profissional, e é outro fator considerável. A soma dessas causas levou à intranqüilidade, quando não ao desespero e medo da população.<br>Os números ajudam a esclarecer. Com a 13ª execução do ano ali, o índice de criminalidade alcançou a média de 1,45 homicídio por semana. No mais recente, um cidadão foi abatido a tiros na presença da esposa. Embora o esforço das autoridades, viver se tornou tão perigoso, ou mais, no interior, quanto nas grandes cidades.<br>Para o antropólogo e cientista político José Eduardo Soares, “temos um sistema de segurança que não atende à sociedade com respeito à legalidade dos direitos humanos e com eficiência”. Em entrevista, declarou que “o avanço institucional, representado pela abertura política no país, não chegou à segurança pública”.<br>Ex-secretário Nacional de Segurança Pública no princípio do atual governo da República, observa que o setor funcionava bem no regime autoritário militar, sob o arbítrio e voltada para a segurança do Estado, mas não do cidadão. Hoje, vive-se uma situação “catastrófica”. E se tem agravado.<br>Para ele, “as esquerdas progressistas estavam à frente do processo de democratização, mas lavaram as mãos, porque consideravam polícia coisa feia, tema da direita. Não estava na agenda da esquerda. As esquerdas consideravam essas instituições desprezíveis, porque as verdadeiras instituições seriam aquelas que lidavam com as grandes causas”.<br>A situação, inquietante, não oferece soluções, sequer propostas de solução a curto prazo. O povo, o cidadão tem medo. Teme até recorrer à autoridade e sofrer represálias. Agora, desconhece-se até quem ainda tem as mãos limpas.<br>A campanha do desarmamento deu em nada e, se deu resultado positivo, foi mínimo. Em minha cidade, o jornal eletrônico montesclaros.com fez uma enquete durante 15 dias, com a seguinte pergunta: “Para conter a violência que explode em todo o Brasil, com repetidos crimes cruéis, qual dessas medidas seria mais eficaz?” A maioria (42,21%) optou pela “pena de morte”; em 2º lugar (18,34%); “eliminação dos benefícios da pena”; a seguir, “penas mais duras”, com 17,45%; e “prisão perpétua” (16,14%). “Deixar como está” foi a última colocada, com 5,86%. Há de se meditar sobre tudo isso e como ajudar em soluções.
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