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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um Discreto Passageiro<br><br>Tião Martins(*)<br><br>Bons políticos mineiros aprendem desde o primeiro dia (ou até antes) que não devem bater à porta de ninguém sem antes indagar se serão bem recebidos. E essa indagação nunca é direta. Solicita-se ajuda a amigos competentes e de confiança. E estes, quando se aproximam do alvo, falam de mil assuntos diferentes, antes de chegar ao que interessa.<br>Esse jeito de agir causa estranheza em paulistas, gaúchos ou baianos, que têm o costume de ir direto ao ponto e criam o maior tumulto, como ocorreu na recente eleição para a presidência da Câmara. O estilo mineiro é lento, mas evita desgastes, não queima pontes e abre caminhos, pois as partes não se zangam e nem ficam ressabiadas.<br>Políticos paulistas, gaúchos, baianos ou alagoanos teriam muito a aprender, se passassem um tempo aqui, mas eles já sabem tudo. Por isso, nem vale a pena lhes apresentar o ex-deputado e ex-prefeito Antônio Dias, agora meio afastado da política, mas grande mestre na arte sutil de conquistar amigos, aproximar pessoas e produzir consensos, em lugar de divergências.<br>Não confundam o passageiro de hoje com outros Antônios Dias que entraram na História do Brasil. Um deles foi mestre das emboscadas contra holandeses, no século XVII, e é patrono das Forças Especiais do Exército. O segundo, no mesmo século, veio de São Paulo para o Vale do Tripuí e viu nascer a primeira Vila Rica. E o terceiro, natural da Paraíba, é dos artistas plásticos mais importantes no cenário brasileiro e mundial.<br>O nosso Antônio Dias, que foi duas vezes prefeito de Brejo das Almas (é assim que até hoje prefere chamar o município de Francisco Sá, por respeito ao passado e a Carlos Drummond de Andrade), não é homem de emboscadas, jamais se deixou seduzir pelo ouro dos tolos e nem ousaria competir, nas artes plásticas, com a Conceição Melo, que sabe tudo de cores, formas e pincéis.<br>Boas e más línguas asseguram que Dias cultiva diariamente sua arte de cavalheiro à moda antiga, elegante e de respeito, como já não se vê nas safras recentes da política nacional. E há quem diga que, para não ser deselegante, às vezes é escorregadio. Significa que herdou a habilidade de José Maria Alkmin, guru dos bons políticos mineiros. Aliás, um dia desses o Eustáquio D. - passageiro eventual - sugeriu uma campanha em prol da gentileza, por entender que é das melhores qualidades de um ser humano. Se insistir na idéia, ele pode convocar o Dias, a gentileza encarnada.<br>Não esperem que Antonio Dias enfrente boi bravo em trilha estreita, mas também não se surpreendam caso o encontrem, minutos depois, sentado à beira do caminho e dando bons conselhos à alma bovina, que ouvirá quieta e mansa. Bem mais difícil é usar a voz da razão e da sabedoria para convencer os humanos, e Dias já provou que faz esse milagre.<br>Por admirar esse cavalheiro discreto, de fala mansa e bom trato, conhecedor de coisas belas, amante da língua francesa e capaz de fazer cara de ingênuo para ocultar sua perspicácia (nos melhores momentos, chega a fingir de matuto), as meninas de Montes Claros amam o Antônio e colaram nele o apelido de Gatão. E uma delas apresentou petição reivindicando para Dias um lugar ao sol e à lua, neste barco. Reivindicação desnecessária, mas aprovada, pois ele teria lugar reservado até numa simples canoa. De preferência, arrastando com ele o amigo e conselheiro Paulo Narciso, bom piloto e ótimo companheiro de viagem. Sejam bem-vindos, os dois.<br><br>(*)Colunista do jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte

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