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Mensagem: Um caminhão dos Bombeiros levou ao cemitério, no crepúsculo anilado de hoje, o corpo de Geraldão Machado. <br>Conduziu mais do que um ex-presidente da Câmara e vereador de muitos mandatos. <br>Conduziu os despojos, o que ficou do desprendimento daquele que talvez tenha sido, na sua geração, o herdeiro preferencial do chamado “jucapratismo”, nome que assinala (entre todos) os que têm por M. Claros o ilimitado amor. Fervor por Montes Claros. <br>Na Belo Horizonte do início dos anos 70, jovem estudante de l7, Geraldão - ele já era Geraldão - não fazia segredo de que as preocupações com as coisas da amada cidade tinham o sentido urgente de uma vida, e retornar após o aprendizado era a direção absoluta. Éramos assim.<br>As cartas que recebia da mãe, toda semana, numa época das comunicações difíceis, iluminavam as manhãs e transportavam a essencial luz montesclarina para a república da rua Guajajaras 720, reduto festivo dos estudantes que daqui foram buscar o que pretendiam repartir com os que ficaram, com os que não puderam ir – saber.<br>As cartas da mãe zelosa diziam assim: “Meu filho: aqui, já começa o frio, e das gavetas retiramos os primeiros agasalhos”. <br>Tinham, as cartas, além de luz, cheiro, cheiro de M. Claros. <br>Íamos, todos, lê-las, em procissão; sorver as notícias da mãe e da terra-mãe, cartas que por um momento transportavam nossa cultura para lá; cartas com força capaz de invadir a rua, o quarteirão, o bairro e a cidade lá deles. Força afetiva.<br>Era a ração semanal do ânimo que retinha nossos pés na capital e o coração mais longe, depois de transposto o rio das Velhas, no rumo norte. <br>O resto da história é sabido.<br><br>Ao ser entregue ao jazigo, hoje, prematuramente aos 53 anos, Geraldão pôs fim a uma galharda luta contra a doença que, se lhe cingiu o corpo a uma cadeira de rodas, jamais o circunscreveu e o abateu. <br>Conservou e reteve a alegria de viver, e o integral entusiasmo, desconhecida bela palavra grega que no seu mais cavo sentido só pode significar ter Deus dentro de si.<br>Que o sigam. Amem. <br>Amém<br><br><br> ***<br>(Hoje, o casal Bilé/dona Taís devolveu o quarto filho ao Criador. Foi comovente ve-los, heróicos, sair do Campo Santo, de braços dados, conduzindo, ou conduzidos, por uma força que não se sabe de onde veio. Ao pé da sepultura do pai, o filho mais velho repetia, debaixo de lágrimas grossas: ´Viva Geraldão! Viva Geraldão! Viva Geraldão!´. Vivaram todos).
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