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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 25 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Fazendo história

Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia, 23/04/2007)

A modéstia, uma das marcas impressivas da gente destas bandas do Brasil, fez com que Carlos Lindenberg intitulasse seu livro de “Quase História”. Sem bajulação, a que nem ele nem eu nos afeiçoamos, antes a condenamos, dir-se-ia que se trata de “verdadeira história”.
Porque a crônica de um povo, de uma região, não nasce inteira e inteiriça, numa síntese única a ser lida pelos interessados e estudiosos. A história se constrói como um edifício, demandando tempo e materiais diversos e apropriados: pedra, tijolos, cimento, madeira, ferro, uma pá de cal, e água que está em toda a composição.
Recordo a “Gesta Danorum”, os “Feitos dos Dinamarqueses”, a portentosa obra com que o sábio frade presenteou a Europa, no Século XII. Pretendia perenizar as façanhas e ações de um povo com singular destinação.
Na Idade Média, chamavam-se “canções de festa” - do latim gesta, tomado em sentido de relato histórico. Na França, apareceram, à época de Carlos Magno ou de seu filho Luís, como assunto da época, os feitos heróicos. Inicialmente em versos, as composições passaram à prosa. Seus resíduos foram preservados em abadias e mosteiros, em louvor e honra de seus fundadores e protetores.
As gestas integram a história, relatando nomes e fatos que interessaram a uma região e a um povo. Lindenberg, assim, ingressou num terreno da mais elevada importância, para expor não aquilo que oralmente se aprende ou é incluído nos compêndios escolares. Ele descreve episódios que permanecem velados nos escaninhos da política ou aparentemente se resguardavam de público conhecimento.
São, contudo (e o leitor terá ensejo de constatar), documentos e informações preciosas que ajudam a compreender os homens que praticaram a política brasileira em determinado período e contribuíram, de algum modo, para que sejamos o que hoje somos.
Teve o autor a iniciativa de buscar, em anos de produção jornalística, o que achou mais indicado para a formação desse acervo de centenas de páginas. Narram episódios que, em seu tempo, tiveram ampla divulgação ou praticamente nenhuma, mas de singular significação.
Não se esquecerá que a própria história é a descrição, mais ou menos sistemática ou pormenorizada de um caso, de um fato, de um ato, de um sucesso de interesse geral ou particular. Muitos deles se conservaram na poderosa memória popular, outros se guardaram nos templos, como algo merecedor de proteção e respeito.
Em Roma, os pontífices mantinham um registro, não só de acontecimentos religiosos, mas também de fatos políticos que lhes pareciam importantes. Ora, a forma mais comum da historiografia medieval foi a crônica. E foi com base na sua produção diária, nelas se buscando o que de maior realce tinham e têm, transcorridos anos, que Lindenberg extraiu o material de seu livro.
Pela sua sensibilidade aos problemas políticos, pelo discernimento que adquiriu em torno do jogo, às vezes pesado, dos gabinetes e da tribuna, soube discernir o que de mais valioso é para a história.
Minas Gerais constitui um manancial fantástico na crônica política brasileira. Não sem razão, tem participação de alta significação no Brasil, aqui se registrando acontecimentos que geraram repercussão nacional, desde a colônia. Fugindo à concepção formal de história, como se aprende nos bancos escolares, o arguto jornalista selecionou o material que mais intimamente poderia interessar ao brasileiro, para que não se ratifique a idéia de tratar-se de um povo que não tem memória.
Tem, e muita. As revelações de Lindenberg contribuem eficazmente para medir a relevância de determinados momentos, episódios e personagens. Este “Quase História” ajuda a entender nosso tempo e nossos costumes e atitudes políticas.

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