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Mensagem: O PARQUE1955- Canário Pardo conhecido meliante e brutamontes, arrombador de casas comerciais, encontrava-se mais uma vez preso na cadeia local. Corria de boca em boca a informação da troca de tiros com o efetivo policial de então, durante a sua captura. Coronel Coelho, um cabo e quatro soldados.A Praça Coronel Ribeiro era um extenso chão de terra batida, não havendo urbanização.Brincávamos de roda com as meninas “fui ao tóróró beber água e não achei!”. Soltávamos arara, batíamos finca nas águas, quilávamos bola de gude e fazíamos guerra de caroço de mamona no estilingue. Exibíamos as roupas novas!Chegou um parque de diversões e, a nossa alegria era, agora, esperar a meia noite e, escondidos dos pais, assistirmos ao teatro de marionetes, dadas as obscenidades faladas pelo operador. Domésticas, “en passant”, rapaziada do Sésé calçada de alpargatas Roda e a meninada escondida onde podia.A esposa do palhaço, manipulador das marionetes, enquanto a galera esperava, vendia pão com caldo, roletes de canas, aperitivos, groselha. Era um luxo poder assistir e depois contar para aqueles que não tinham coragem de fazê-lo.Naquela noite, enquanto esperávamos uma turma de detentos passou correndo pelo logradouro. Fugiam da cadeia. Na evasão, o líder, Canário Pardo, que tomara o fuzil de um soldado, ao passar exibiu o mesmo como um troféu, acenando em seguida para o público atônito. Corriam vestidos apenas de cuecas. Logo em seguida passaram os policiais.Um gaiato viu no medo que se apossou dos presentes a potencialidade do pânico e deu algumas tapas nas folhas-de-flandres que cercavam o picadeiro, produzindo de forma sincronizada som similar a disparo de armas de fogo.Muitas pessoas ao correrem escorregavam no cascalho miúdo e foram ao solo, o que parecia terem sido atingidas pelas balas perdidas. Gritos, pedidos de socorro. O palhaço operador das marionetes saiu, atracando-se em luta corporal com o gaiato, por traz do palco. Os gritos de ambos acentuaram o pânico dos que corriam. Imaginavam confronto de policiais e bandidos.Os militares que há poucos instantes passaram na captura dos fujões, escutando os “estampidos” voltaram. Efetuaram disparos ( verdadeiros) persuasivos para o ar, dando voz de comando buscando imobilizar os possíveis fujões. Quem por lá ainda estava padeceu de pavor! Aí a coisa ficou preta! O que era uma brincadeira tomou rumo de veracidade e a praça em pouco lotou com populares que vieram assistir a “troca de tiros´ entre presos fujões e policiais militares.Numa cidade pequena como era Montes Claros, o acontecido serviu de repasto para alimentar as rodinhas de prosa por mais de trinta dias.
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