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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um segredo de Darcy Ribeiro HAROLDO LÍVIO Do outro lado do fio, o criador do Psiu Poético pede-me que o ajude a conferir os nome corretos e apelidos notórios de integrantes da lista de 150 personalidades do Sesquicentenário da Cidade. Perguntou-me, de início, o nome completo do acadêmico Darcy Ribeiro, mundialmente conhecido. Respondi automaticamente: Marcos Darcy da Silveira Ribeiro. Ele pediu que repetisse, e estranhou o Marcos, de que nunca ouviu falar. Anotou, sem se convencer, e levou sua dúvida para o secretário da Cultura João Rodrigues, que considerou minha informação equivocada. Para tirar a prova dos noves fora, ligaram para o secretário de Comunicação Social Paulo Ribeiro, que é sobrinho de Darcy e morou muitos anos com o tio. Assegurou, com sua autoridade de parente próximo, que se tratava de informação errada. O romancista de “Maíra”, segundo o sobrinho, sempre se chamou Darcy e nunca teve outro prenome. Graças aos céus, quando cheguei ao gabinete do secretário para esclarecer o assunto polêmico, encontrava-se ali o ex-provedor da Santa Casa Hélio de Moraes, que se casou com uma prima carnal de Darcy e pôs tudo em pratos limpos, dotado que é de excelente memória. Disse que sim, que o casal Reginaldo Ribeiro e Fininha Silveira levou seu primogênito à pia batismal, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, para receber o nome de Darcy. No entanto, o celebrante do ato, Cônego Marcos Van In recusou o nome escolhido pelos pais, alegando que não era nome de santo. Para solucionar a questão, batizou-o Marcos Darcy, homenageando a si mesmo e aos genitores, como deve constar no batistério. No registro civil do nascimento, acredito que o pai tenha declarado apenas Darcy, deixando de lado o Marcos imposto pelo sacerdote. Ante de ouvir a confirmação do contra-parente Hélio de Moraes, já tinha ouvido a história da boca do Dr. Roberto Plínio Ribeiro, primo carnal de Darcy e meu dileto amigo, isso há mais de trinta anos. Guardei o fato na memória porque algo semelhante aconteceu comigo, quando recebi o sacramento do batismo. Levaram-me à Igreja Matriz de Senhora Santana, nas Contendas, onde o padre Manuel Callado exigiu outro nome para batizar, uma vez que não conhecia nenhum santo chamado Haroldo. E meu nascimento já estava registrado pelo escrivão Chico Pinto, para complicar a situação. O celebrante ouviu, estupefato, a reação imediata do meu querido pai, que não tinha estopim e não conseguiu controlar a emoção diante da negativa: -Sou eu que escolho o nome de meus filhos e não vejo nenhuma autoridade com poderes para impor outro nome. Se a criança não pode ser batizada com o nome que lhe dei, eu a levo de volta para casa. E não se fala mais nisso! Diante da posição tomada por meu pai e do constrangimento geral causado por sua decisão de voltar comigo para casa, pagão e inocente, meus padrinhos, o bondoso farmacêutico Egídio de Souza Medeiros e a belíssima professora Natinha Silqueira, pediram ao meu pai que esperasse um pouco e dialogaram, durante alguns minutos, com o celebrante, que cedeu às suas ponderações prudentes e fez de mim um cristão católico apostólico romano pelas águas lustrais do batismo, mesmo carregando um nome que ele supunha ser de herege. Passados mais de sessenta anos do incidente de meu batismo, descobri, numa folhinha de bloco, chamada vulgarmente de folhinha de arrancar, que existe um santo do dia chamado Haroldo. Logo, o reverendo não estava com a razão. Guardei o papel, durante um bom tempo, em minha carteira de bolso, porém, não tive a quem mostrar a prova da santidade. Todos os interessados já haviam se ausentado deste mundo: meus pais, meus padrinhos, o senhor vigário, o sacristão, aos quais ofereço, dedico e consagro este sucinto relato.

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