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Mensagem: Encanto de maio<br> <br>Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia, 17-05-07) <br><br>Agora já é maio, belo mês do ano, que talvez já o tenha sido mais, em tempos idos e vividos, mês de Maria, das coroações nas igrejas do interior e mesmo nas capitais, mês das Mães. São inspirações muito adequadas a este período de evocações. Todos têm o seu maio, no calendário do coração, ainda que muitos prefiram guardá-lo no mais recôndito silêncio.<br>Nas pequenas cidades de nosso antanho, cultivava-se o mais puro amor sob todas as representações. Mas mesmo quem na capital vive, nesta que é de Minas Gerais, se olhou o céu por acaso no princípio de maio viu uma das mais lindas luas cheias da vida.<br>Em site de suas emissoras, Paulo Narciso, premiado nas lidas e lides de imprensa, mas poeta no fundo, lembrou, antes de mim - que pena! - os versos de Augusto de Lima, que é nome de praças e ruas e cidades e avenidas neste pedaço de território maior que a França.<br>Eis que, passando-me para trás, o aluno de D. Yvonne Silveira pôs no vídeo os versos do augusto Augusto, nascido em Vila Nova de Lima, ex-Congonhas do Sabará, dez anos antes de Artur Lobo, o vate de Coração de Jesus de Montes Claros.<br>Em 1892, Augusto de Lima publicou “Símbolos”, em que fulge o poema - “Serenata”, “no qual temos a paisagem brasileira, dentro de um descritivismo que é parnasiano, mas da vertente nacional do movimento”, na opinião de Sânzio de Azevedo.<br>O próprio Sânzio comenta: “Ressalte-se, nesse luar que se perfuma e nesse aroma que se sutiliza em languidez sonora, a introdução da sinestesia, que vai conferir tons de subjetivismo ao soneto, e dar razão aos que quiserem ver traços simbolistas no poeta:<br>Filigranas à parte, extasiamo-nos: “Plenilúnio de Maio em montanhas de Minas! /Canta, ao longe, uma flauta e um violoncelo chora./Perfuma-se o luar nas campinas,/sutiliza-se o aroma em languidez sonora.<br>Ao doce encantamento azul das cavatinas,/nessas noites de luz mais belas do que a aurora,/as errantes visões das almas peregrinas/vão voando a chegar pela amplidão afora...<br>E chora o violoncelo e a flauta, ao longe, canta/Das montanhas, cantando, a névoa se levanta,/banhada de luar, de sonhos, de harmonia.<br>Com profano rumor, porém, desponta o dia/e na última porção da névoa transparente/a flauta e o violoncelo expiram lentamente.”<br>Não é mais linguagem do século XXI, do terceiro milênio. Outras motivações impelem os jovens, enquanto os entrados em idade respiram recordações de tempos defuntos. Mas a lua é a mesma, e o amor permanece vívido, embora fustigado pelo furacão de sentimentos dispersos ou malsãos, que invadem a alma jovem, que supõe conhecer o bem e o mal, distinguir o belo do feio.<br>Mas todos descem em ímpeto fremente, porque descer é sempre a sorte da corrente, meditaria Augusto de Lima em outro poema. Nascido na montanha, lá viu cedo a beleza da lua cheia, como se viu no princípio de maio de 2007.<br>Se todos mais contemplassem a lua, menos violência, acredito, existiria entre os homens, ignorantes do que a natureza - ou Deus - lhes doou. As coroações, que eram o adorno musical das festas desta época, nas pequenas igrejas interioranas, parecem condenadas ao silêncio e à recordação dos que ainda recordam.<br>Maio é poesia. Na retina dos olhos que não mais vêem, desfilam imagens que ficaram no passado. A lua cheia esteve aqui, voltará algum dia, se os homens não decidirem sua extinção.<br>No mais, é repetir com Mello Cançado, mestre no Direito Romano, e defensor de todos direitos. “A vida é fideicomisso./Obrigado por tudo isso.”
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