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Mensagem: O REI DA JABOTICABA PRETA<br> <br><br> O homem se sentia o próprio Rei da jabuticaba preta. A que ele vendia, era preta de “tinir”, mais gordinha do que as outras e super doce. A melhor jabuticaba vendida no Mercado Municipal dos Montes Claros, no saudoso 1970. Indiscutivelmente, a melhor e maior de todo o Norte de Minas. A jabuticaba de Antônio de Maria Rita.<br> O preço das mesmas era salgado, mas o produto de primeira. Só atendia sob encomenda, feita sempre com uma semana de antecedência. O pagamento era em moeda corrente e no ato da entrega. Dona Belarmina, fizera a encomenda e no sábado fora apanhar o produto, para o deleite de suas netas que vieram da Bahia e, chegando ao mercado só encontrou o espaço demarcado vazio. Nada do rei da pretinha!<br> No sábado seguinte, lá estava a Dona Bela, bem cedo, fazendo a sua queixa ao Rei da jabuticaba preta. Este, macio que ele só, contou o incidente que lhe havia privado do fornecimento habitual das jabuticabas aos clientes, no sábado anterior. O fato se dera disse, quando subiu a serra na sua propriedade, como habitualmente fazia nas sextas-feiras à tardinha, para apanhá-las. Carregou a lata de 18 quilos, de suculentas jabuticabas, aprontou a ‘rodia’ na cabeça, ato contínuo, desceu o morro. Lá vai Antônio com a lata na cabeça. <br> Andando a passadas largas nos seixos miúdos no chão da serra, o barulho das alpargatas, chap... chap...chap! Já escurecendo; só a luz da lua, de repente ao levantar o pé direito em mais um passo, pasmem! Atravessada na trilha, dormindo profundamente, uma onça pintada. Foi Deus que não a deixou acordar com o barulho até então.<br> O rei da pretinha ficou parado, a lata foi pesando na sua cabeça, o tempo passando, e ele sem fazer barulho para não acordar a “bicha feroz’. De repente o pensamento fatal! Ela vai acordar de manhã, com a barriga vazia, vai me ver e, adeus o rei da jabuticaba.<br> A lata foi pesando, o pescoço afundando, doendo horrivelmente, o desespero chegando, e aí bateu a intuição! Tirou a lata da cabeça calmamente, encostou-a numa moita de unha de gato ao seu lado direito, tudo lentamente; inclinou a lata aos poucos, e as jabuticabas foram escorrendo pelas ramas sem fazer barulho. Estando o recipiente vazio, virou-o de boca para baixo... “Aproximou do ‘escutador” da pintada e, emitindo um grito apavorante, deu uma tapa nos fundos da lata: Paaa!...A fera deu um salto vertiginoso; deu um segundo e um terceiro salto, urrando, e desapareceu bufando em desabalada carreira, só se via galho quebrando! O pau cantou na casa de “Noca’”.<br> Dona Bela que assistira ao trágico relato ficou patética! Pode entender o atraso na entrega da sua encomenda, e conformou com o preço aumentado recentemente do produto; não era fácil conseguir jabuticabas como aquelas, só mesmo o Rei da jabuticaba preta, o primeiro e único da terra do Figueira.
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