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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Trezentos “medalhados”

Waldyr Senna Batista

São trezentos os agraciados com as medalhas Civitas e Urbis, instituídas pela prefeitura a propósito dos 150 anos da cidade. Mesmo assim, ainda há gente reclamando por não ter sido lembrada, atribuindo-se merecimento superior ao de vários que figuram nas duas listas ou se manifestando em nome de ancestrais falecidos.<br><br>A prefeitura confiou a sete pessoas e três entidades ligadas ao setor cultural – identificadas como “verdadeiras guardiãs da nossa memória, museus vivos, fontes inesgotáveis de pesquisa” – a função de relacionar, entre vivos e mortos, os que contribuíram e contribuem para fazer a história da cidade. O grupo não chegou a se reunir, tendo cada integrante dele se limitado a encaminhar sugestões, que passaram pelo crivo de outro grupo, que, por votação fechada, selecionou os nomes de 103 mortos e 47 vivos como merecedores da Civitas.<br><br>A controvérsia instalou-se, mal foram dados a conhecer os nomes escolhidos, como é comum nesses casos. A unanimidade é inalcançável. Registraram-se manifestações de indignação até pelos jornais, pela Internet e por cartas, tendo a prefeitura então decidido instituir a medalha Urbis, com o cuidado de equiparar as duas em importância. Para justificar a segunda( 11 mortos e 139 vivos), o pretexto foi o de que ela completaria 300 homenagens, alusão aos 300 anos, que também se comemora, da outorga do território em que Antônio Gonçalves Figueira implantou a fazenda que deu origem à cidade.<br><br>Mas nem assim se conseguiu serenar os ânimos. A nova lista contornou situações delicadas e fez justiças a alguns esquecidos, mas gerou outros problemas, devido à inclusão de pessoas que fizeram história rápido demais, pois aportaram na cidade há poucos meses; além das que emprestam seu reconhecido talento a outras cidades da região, e não aqui. Tudo isso fez com que a segunda lista passasse a empanar o brilho da primeira, sem firmar-se ela própria no ambiente festivo do sesquicentenário.<br><br>Na solenidade em que anunciou os agraciados com a medalha Civitas, na praça da Catedral, o prefeito Athos Avelino, talvez pressentindo o desastre e já se desculpando por antecipação, afirmou que o grupo selecionado poderia ser de 1.500 ou de 15.000, que nem assim abrangeria a totalidade dos que fizeram a grandeza de Montes Claros. <br><br>Essa celeuma não chega a surpreender, haja vista o que ocorre com as medalhas concedidas pelo Governo do Estado. Nos bastidores, já se incorporou ao folclore político a intensa movimentação de lobistas buscando a inclusão de nomes. E aqui mesmo, militantes da imprensa local especializaram-se em lançamento de listas quase semanais, às quais há quem atribua importância. Sem esquecer da Câmara municipal, que relega a plano secundário sua função precípua de legislar, dedicando-se mais à tarefa de expedir títulos honoríficos, multiplicados em forma de diplomas, placas, medalhas e outros penduricalhos, banalizando o que deveria ser tratado com seriedade.<br><br>Os 300 “medalhados” pela prefeitura põem em risco o brilho da festa dos 150 anos da cidade, denominada de “comemoração continuada”, que começou em 12 de abril e terminará em 3 de julho. Nada de excepcional foi apresentado, até agora, tendo a programação relacionado eventos especialmente criados para a ocasião e absorvido alguns que sempre existiram. Assim, as promoções foram diluídas, perdendo o impacto junto à população, até porque a prefeitura tem pouco a apresentar em obras. Muito diferente da festa dos 100 anos, em que a cidade se mostrava “bonita, de vestido novo”, como registrou a bela canção de Luiz de Paula. Hoje ela aparece com aparência sofrível, trajando vestido todo remendado.<br><br>A diminuta repercussão do acontecimento tem sido de tal ordem que, no jornal do último domingo, um articulista lembrava à prefeitura, sem qualquer toque de ironia, que está passando a hora de ela anunciar o programa oficial de comemoração do sesquicentenário. É que a promoção tem despertado tão reduzido entusiasmo que, embora a festa tenha começado há exatos dois meses, há quem ainda não se tenha dado conta.

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