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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: EURÍCLEDES FORMIGA

Luiz de Paula

Foi num jantar festivo, mês de junho, friorento, com presença numerosa de participantes. Ao fazer a abertura da reunião, o protocolo anunciou a presença de um convidado. Era um poeta.
O anúncio deu causa a alguns sorrisos e comentários a meia voz, sobre a utilidade que poderia ter um poeta em uma reunião de comerciantes, fazendeiros e profissionais liberais, que dispunham apenas de 60 minutos para a pauta do dia.
A coisa ficou nisso.
Lá pelo meio da reunião, o presidente fez a apresentação de seu convidado. Era um poeta paraibano, de passagem para Belo Horizonte.
O convidado ergueu-se e fez uma mesura dirigida a todos. Era um cidadão robusto, de seus 30 anos, claro e corado, de mediana estatura, cabelos alourados, pescoço grosso, sustentando um rosto largo de nordestino.
E a reunião prosseguiu. Lá pelas tantas, por sugestão do presidente, foi dada a palavra ao visitante. E este, no mais carregado sotaque nordestino, pediu licença para mostrar uns versos que havia composto para as festas de São João, já que estávamos na época das fogueiras.
E com desempenho vocal que a todos surpreendeu, declamou um poema ao qual dera o nome de São João do meu Nordeste.
Enorme foi a surpresa. Palmas vibrantes e gerais explodiram no final de sua apresentação. O homem era poeta mesmo. Esse conceito, aliado ao entusiasmo de todos, foi se fortalecendo e se consolidando na medida em que, atendendo a pedidos dos presentes, o cidadão foi declamando outras poesias de sua privilegiada lavra.
Em determinado momento, já dominando o auditório, o poeta anunciou que gostaria de improvisar sonetos a partir de motes que os rotarianos sugerissem.
Teve início então algo que nenhum de nós havia pensado que um dia pudesse presenciar.
Meia dúzia ou mais de motes foram propostos pelos rotarianos e o poeta, utilizando cada mote como chave de ouro, improvisou outros tantos sonetos, de beleza clássica.
Foi um espetáculo inesquecível.
Tempos depois, passando novamente por Montes Claros, Formiga hospedou-se na Casa da Frente, onde não me era raro hospedar autoridades que visitavam a cidade.
No café da manhã, no dia seguinte, éramos umas poucas pessoas conversando com o poeta.
Em dado momento chegou o jornal da terra, a Gazeta do Norte, que acabava de ser entregue pelo correio.
Na primeira página havia uma crônica de uma coluna, ocupando metade do comprimento do jornal.
O Formiga pediu-me o jornal, depositou-o sobre a mesa, à sua frente, e fixou os olhos na crônica. Em seguida tapou o texto com a mão e o braço. Fez isso por duas vezes. Cobria o texto com a mão e o braço e em seguida o descobria. A seguir devolveu-me o jornal e pediu:
- Corrija-me se eu estiver errado.
A partir daí repetiu palavra por palavra, do princípio ao fim, a crônica do jornalista montesclarense.
Todos os que estávamos presentes, e assistimos a essa cena, ficamos de queixos caídos.
Ante nosso assombro, pelo ocorrido, ele explicou que possuía memória visual. Não havia para ele nenhuma dificuldade em fazer o que assistimos. Tanto era assim que iria agora repetir a crônica de baixo para cima. E o fez, comigo e os demais presentes acompanhando pelo jornal. Algo assombroso.

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