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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Manoel Hygino O crime no sertão Através do montesclaros.com, tenho diariamente um panorama do que acontece no mundo, não apenas no Norte de Minas. É um retrato fiel do bom e do ruim, que acompanha a vida do planeta e do homem que o habita. Ao jornalista Paulo Narciso, que teve a iniciativa de criar este precioso veículo de informação e que o dirige com amor e vibração, perguntei, há dias, como estava a criminalidade na maior cidade da região. Para ele, há uma barbárie. Até o dia 22 de junho, foram 40 homicídios, inclusive de um menor, de 10 anos, por um homem, que já assassinara uma pobre mulher que não lhe dera o dinheiro exigido. Na missa de sétimo dia, na catedral, havia mais mulheres do que homens. O templo estava inteiramente tomado por gentes de todas as condições sociais, revoltadas pelo sacrifício da pequena vítima dos desvios, das omissões, da insensibilidade. Uma tia da vítima, Simone Pacheco, Joana D’Arc do sertão, desde o desaparecimento da criança, assumiu uma liderança com intenso vigor, lágrimas e ações. Narciso, vencedor do Prêmio Esso, competente, generoso e solidário, admite que as mulheres, como Simone, podem ajudar o quadro destes dias cruéis. “Entre elas, as mães, únicas com autoridade e força para içar do despenhadeiro moral um Brasil que dá mostras de que desmaia - inerte, abobado, perdido, irreconhecível, extraviado, amputado do seu passado e distante do futuro que lhe foi antevisto pelos sonhadores de todos os tempos”. Acrescenta em texto que faço meu: “Ninguém pode tanto quanto as mães, e parece que elas não estão mais dispostas a ceder um milímetro em defesa da vida: elas - que são o centro deste prodígio humano/divino - a própria vida. Ao preço que for. Custe o que custar, elas nos salvarão.” Há um gesto de rebeldia; mais que um gesto - uma posição, que se demonstrou na missa, quando verdadeira multidão orou pela criança imolada, e para dizer, publicamente, que o morticínio não pode continuar. A missa: “sem um estalido, um movimento, um mínimo gesto no encerro profundo delas, as mães, nada que pudesse ocultar ou sugerir o levante iminente, já a caminho. “Na imobilidade gestual de quem fala livremente com Deus, sempre e a sós, as mães exibiam, era possível ver, um fragor secreto, a força desconhecida que pode e vai nos salvar em breve, quando, talvez daqui mais um pouco, permitirem que soltem da garganta o grito lancinante que move o mundo, e o faz recomeçar”. Esta esperança se transferiu às mulheres, às mulheres de bem, as que não aparecem nos veículos de comunicação, que a nada se candidatam, as mães, que não permitirão que os filhos continuem ameaçados e mortos. Hélio no Rio de Janeiro, Sidney no sertão, em centro urbano - elas seguirão protestando, com o terço, nos templos ou nas procissões, com palavras de veemência, com esforços de solidariedade. O Brasil não pode deixar-se dominar, covardemente, silenciosamente ou permitir que os brados de revolta ou o choro dos sacrificados não sejam ouvidos. O Brasil está, todos os dias, com bandeira a meio-pau por inocentes que perderam a vida, por pais de família atingidos por balas perdidas, por moças e rapazes atingidos por projéteis que os tornaram incapacitados para o resto da vida. Simone Pacheco protestou: “Somos todos reféns do medo. Estamos encurralados, presos em nossas casas”. “Não podemos mais nos acomodar e fingir que foi apenas mais um homicídio”. *Jornalista e escritor e-mail: [email protected]

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