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Mensagem: Faltou embocadura Waldyr Senna BatistaEstá na “lei de Murphy”: 1) tudo o que começa mal terminará mal; 2) não há nada que seja ruim que não possa piorar.Foi o que se deu com as medalhas instituídas pela prefeitura para homenagear pessoas que “fizeram a história”, no clímax da comemoração dos 150 anos da cidade. Uma iniciativa interessante, mas cuja execução foi eivada de equívocos. O primeiro deles foi a prefeitura se deixar vencer por manifestações de desagrado que se seguiram à divulgação da primeira lista, decidindo pela criação de uma segunda medalha. O remendo não pôs termo à onda desfavorável, tendo, sim, empanado o brilho das duas listas.O equívoco seguinte foi a escolha do local da entrega das medalhas, o clube social do parque em feriado de portões abertos. O acesso ao local foi dificultado por uma espécie de “corredor polonês sertanejo”, obstruído por grande multidão e por intenso comércio de guloseimas que ameaçavam as indumentárias dos que se dirigiam para a reunião. Superado o contorcionismo imaginável, a chegada à sala onde se processava o credenciamento foi outra prova olímpica: havia gente demais e espaço de menos.Mas o pior estava por acontecer na quadra coberta improvisada em auditório, onde os homenageados e acompanhantes esperariam pela chegada das autoridades que iriam presidir a cerimônia. O vice-presidente, o governador do estado, ministros, parlamentares, prefeito e o habitual séquito dos que nessas ocasiões procuram mostrar prestígio por estarem próximos aos donos do poder, chegaram com cinco horas de atraso. Deve ter sido o maior chá-de-cadeira da história da cidade, em duração e em número de vítimas.Os discursos, indispensáveis, observaram o padrão usual, com os oradores se esmerando nas maravilhas que vêm realizando e pretendem realizar. Ao final, o ministro Walfrido dos Mares Guia anunciou que, como naquele exato momento o presidente Lula havia transposto o espaço aéreo do Brasil, o vice José Alencar passava a ser presidente em exercício, pelo que teria de se retirar, pois, “infelizmente”, havia muito trabalho para ele em Brasília. Foi desautorado pelo vice-presidente que, no seu estilo descontraído, decretou: “Se sou agora o presidente, mais uma razão para não ir embora. Assino aqui mesmo os trens que tenho de assinar”. Foi ovacionado, mas acabou saindo antes do final, sem ser percebido.Só então teve início a solenidade de entrega das medalhas, com os homenageados sendo convocados em grupos de cinqüenta, sob aplausos cuja intensidade falava do prestígio de cada um. O campeão absoluto não estava presente para testemunhar: o falecido ex-prefeito Antônio Lafetá Rabello, que se afastou da prefeitura há exatos 26 anos e cuja figura cresce na medida em que o país vai assistindo à degradação da atividade política e da administração pública. Na etapa anterior, de formação da mesa, Jairo Ataíde foi mais aplaudido do que Luiz Tadeu Leite, registro que serve com vistas à disputa eleitoral do próximo ano. Seria mera influência do ambiente agropecuário em que se encontravam?Quanto à medalha, confeccionada em metal de qualidade discutível, ela exibe em uma face a capela do morrinho, símbolo da cidade, encimada pelas palavras “Civitas” e “Urbis”, significando que o modelo escolhido foi o de duas em uma. Na outra face, para espanto geral, a expressão “Cemig – A melhor energia do Brasil”. A empresa custeou a confecção dos artefatos, mas nem por isso tinha o direito de exagerar na deselegância.Em resumo: faltou profissionalismo à equipe da prefeitura que cuidou do que se esperava que viesse a ser o ato mais solene das comemorações do sesquicentenário. Ou, para usar expressão corriqueira no meio castrense: faltou embocadura.
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