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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O AGRADECIMENTO DE ZÉ AMORIM

Eh, feras, cês tão bem de vida, hein? Gastaram um dinheirão enfeitando esse salãozão, fazendo diplomas, troféus, contratando artistas pra medalhar esse mundão de gente, inclusive Sinvalim, meu irmão, na festa do 150 anos de Montes Claros.
Bom mesmo, feras, era no tempo do bar de Sinvalim, onde a gente reunia toda a cidade e dançava a noite inteira, ao som de uma vitrola, ou de uma viola e de uma sanfona pé-de-bode, iluminados, até as dez horas da noite, pela luz de D. Vidinha. Agora cês tem luz à vontade, um mundo de conjuntos musicais, jornais, rádios e televisões. Pra que isso tudo feras? No meu tempo de rapaz a gente não tinha televisão, só havia o “Jornal de Montes Claros”, a “Gazeta do Norte” e a ZYD7. A D7 falava para o centro e cochichava para os bairros e nela a gente ouvia Chico Pitomba e Mané Juca contarem nossos “causos” e cantarem nossas músicas. Hoje, vocês só ouvem esses estrangeiros... Um forrozinho e um lunduzinho mesmo, que é bom... lona!
Cês qualharam Montes Claros de prédios, cheios de elevadores, cujos tetos quase batem no céu. Nem venta mais na cidade. Antigamente a gente construía mesmo era edifício de no máximo três andares, que nem os de Paris, com aqueles escadões belezura, com aqueles alicerces profundos, com aquelas paredes de dois tijolos maciços e aquelas lajes de cimento grosso, diferente dessas porcarias pré-fabricadas, de tijolo furado, que passam todo o barulho de um andar para outro e não isolam o barulho da rua. E o térreo não contava como andar. O construtor era Chiquinho Guimarães, um campeão. Basta ver que os prédios que ele construiu estão aí até hoje, firmes que nem toco de jurema e quem é esse tal de tsunami pra derrubá-los.
A cidade anda cheia dessas motoquinhas vagabundas que não deixam ninguém andar em paz pelas ruas e ainda fazem um barulho infernal. Toda hora a gente vê um motoqueiro atropelado, com um braço ou uma perna quebrados. No meu tempo havia poucas motocicletas, mas todas eram de primeira, de ferro fundido, motor silencioso, tran-chan, verdadeiras máquinas que nem arranhavam se um carro batesse nelas. Queria ver a valentia desses motoristas de carro no tempo de minha Harley-Davidson...
Vocês, feras, estão dando essas medalhas a muita gente nativa, mas também a muitos forasteiros. Não tem problema. Eles estão na cidade, ajudando a gente há tantos anos, que já os consideramos montes-clarenses da gema. Mas há uns dois felas, aí, na lista que, ao invés de emedalhados, deveriam ser mesmo era emerdalhados. Chegaram à cidade com uma mão na frente e outra atrás, deram o golpe do baú ou receberam esses tais de incentivos fiscais e não levantaram nem um grãozinho de poeira por nosso progresso. Só levaram vantagem às nossas custas. Mas a vida é assim mesmo. É impossível ser totalmente justo.
Estou aqui, feras, com meu velho pai, Pedro, meus irmãos Bem, Tuca, Sinvalin e Santim, e meu grande amigo Walduck Wanderley, o Mola Forte, assando uma batata doce e um milho verde, numa imensa fogueira, tomando um quentãozinho e comendo uma paçoquinha, esperando vocês. Estamos construindo um restaurante cujo nome será “Espeto de Ouro”, que só servirá nossas comidas e bebidas típicas. Ele ocupará todo o primeiro piso de um majestoso prédio de três andares cujo nome será “Edifício Pedro Montes Claros”. Aqui, bem no miolinho do céu, na rua Quinze.
Em nome da família Amorim, muito obrigado, feras, e até breve.

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