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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A terra e suas palmeiras<br><br><br>Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)<br><br> <br>Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá, enaltecia Gonçalves Dias em versos declamados em todo o Brasil. Mas esses pássaros da família dos turdídeos talvez não cantem com a alegria e vigor de antigamente, na terra em que nasci, porque palmeiras há menos para abrigá-los e acarinhá-los.<br>Longe a infância, mais longe as origens de minha terra, cidade que fez 150 anos em 3 de julho, dia em que festejou também o nome que hoje ostenta. No princípio, foi o Arraial de Nossa Senhora da Conceição e São José de Formigas, elevado a vila por decreto imperial de 1831.<br>Foi época aprazível aquela, também trabalhosa, porque em criança já começava a fazer algo de útil. Ajudei a plantar mudas de laranja no sítio do Melo, hoje região incorporada à área urbana. Aprendi a conhecer donos de vendas em lugares menores, que iam à loja do avô comprar o que necessitassem: de botinas ringideiras a arame farpado, sal grosso e açúcar, sabão em barra, ferraduras, pregos, panos para fazer compras, fitas de muitas cores e meadas, carretéis de linha, novelas de lã, perfume também, e tanta coisa mais de que homem e mulher não abrem mão.<br>Um começo de vida produtivo, porque de menino se torce o pepino, mas sem perder as matinês no cine Montes Claros, depois de a sirena anunciar que a sessão não demoraria a ter início. As imagens das ruas e das pessoas estão na memória, guardadinhas, como as dos santos na igreja da matriz, como padre Marcos oferecendo a santa hóstia. Mas também havia leilões na porta do templo, em noites quentes, alegria, levantamento de mastros e foguetes. Nada a reclamar, só a agradecer.<br>Presépios pelo Natal, andar a cavalo aos domingos (tão pequeno era, que me prendiam à sela), aulas no jardim de infância Dom Bosco, no Instituto Norte-Mineiro de Educação, ouvir o rádio censurado dos tempos de Vargas, caboclinhos, marujos e as festas juninas, a Folia de Reis com muita lenha para amenizar o frio(?) da época, a sensação colorida e cheirosa do velho mercado aos sábados, no prédio que não sobreviveu.<br>Imensidão de reminiscências, que o tempo, inclemente, não apaga. Fatos que os cronistas locais evocam, como se algo perdido na escuridão da noite dos tempos. Mas tudo se mantém vivo e forte, iluminado pela luz do amor à terra em que nascemos e em que abrimos os olhos para o mundo e os homens.<br>São lembranças tão poderosas que se sobrepõem às noites e aos dias, o misticismo que retroage à própria natureza divina do homem. O sertanejo, que venceu dificuldades de toda espécie para construir uma cidade, em região que integrou uma capitania nordestina, está consciente de seu papel e de seu futuro. Conhece as adversidades de agora e antevê as do futuro, mas está cônscio de que tem histórica missão a cumprir. Cada um oferecerá o seu quinhão, dará o seu óbolo.<br>Foram 150, inicialmente, os cidadãos lembrados para simbolizar o esforço de erguimento desta cidade, plantada no sertão: 150 homens para 150 anos de existência. Depois, chegou-se à conclusão de que mais 150 mereceriam a honrosa distinção de sociedade, neste julho de efeméride.<br>Acho que muitas centenas de nomes poderiam ainda ser agregadas aos até agora lembrados. Montes Claros é fruto do trabalho, persistente, tenaz, incessante, de muitos e muitos milhares de homens e mulheres que atravessaram dezenas e dezenas de anos para dar sentido à razão humana de viver e sonhar.

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