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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O Piauí é aqui - Primeira parte: Caro Editor. Há 20 anos não ia de ônibus para Montes Claros, coisa que tive que faze-lo na semana passada. Não pense que foi por medo do apagão aéreo, mas uma pane elétrica me deixou no meio da estrada e tive que pegar um valente coletivo da Transnorte. Livre da obrigação de motorista fiquei a admirar a paisagem. Da janela lateral vi muros brancos, capelas, cemitérios, vaquinhas, pastos etc. Tudo recheado com lembranças que sempre vêem à tona quando ligo meu Norte Magnético. Em Bocaiúva, vi o trevo novo, a rodoviária nova e a entradinha nova para a cidade; simples, mas bonita, demonstrando preocupação em parecer ser mais do é, para encantar os olhos dos visitantes. Mais adiante estavam as torres de transmissão de TV, sob as quais vi tirarem do porta-malas os corpos de Fábio e Cláudia, mutilados pelos bandidos da lei. Tempos de dor, pra quem se lembra do quanto eram belos e cheios de vida. Próximo ao Pentáurea não consegui entender o povoado que cresce miserável ao longo da estrada até o trevo. O ônibus faz o contorno e passa diante dos motéis. Lembranças marotas são interrompidas diante de um cenário tão inóspito. Tudo é seco, feio e horroroso. De um lado, lotes cheios de lixo e entulhos, do outro, cheios de mato e abandono. Construções interminadas ou destruídas entristecem a rodovia com seus tijolos aparentes, acinzentados de poeira e poluição. Animais na pista - dentro e fora dela; pista esburacada e sem sinalização. Uma ponte inacabada, mais um monte de lixo, uma empresa fechada, enfim, uma visão inesperada da pobreza urbana. Pareço estar chegando a uma cidadezinha miserável do interior do Piauí. Mais um trevo e outra construção destruída desola ainda mais a paisagem. A Morada do Sol há muito deveria ter trocado de nome, pois um astro tão poderoso e nobre jamais fixaria residência ali. O Parque Municipal, coitado, parece um campinho descuidado que eu jogava bola com os amigos, onde corria um esgoto a céu aberto e os urubus sobrevoavam sobre nossas cabeças. A água turva refletia o céu sem nuvens. O ônibus segue. As ruas se estreitam e eu me encolho ainda mais na cadeira. Um sentimento de vergonha toma conta de mim. Rente à janela, um emaranhado de fios lotados de peduricalhos pendem de postes também feios, sujos e velhos. Tá certo que é inverno, que estamos na seca, mas não podemos culpar a natureza por um cenário tão medíocre, um portão de entrada tão miserável como é o de Montes Claros. Pode-se até acostumar com o feio, assim como acostumamos com os nossos fracassos, mas do belo ninguém se esquece. É nisso que o marketing governamental deve pensar. Precisamos parecer mais, para sermos mais. Uma lição que podem ir aprender aqui perto, na Terra do Senhor do Bonfim. Mas o pior ainda estava por vir. O ônibus chega ao seu destino. Segunda parte: A Rodoviária de Montes Claros é uma das coisas mais pavorosas que já vi na vida. O guarda-volumes não passa de uma prateleira onde os pertences ficam à mostra e o passageiro vai gritando: ´Aquela vermelha alí é a minha´. Você anda tropeçando no que restou do piso, a escada sem corrimão é inacreditável, a sinalização é inexistente, mas nada perde para o banheiro. O quê que é aquilo!!! Alguém já foi ao banheiro da rodoviária de Montes Claros? Nem no interior do Piauí você encontra igual. Vá porque é atração turística no roteiro da miséria da administração pública. Vá, para você ver como uma cidade de quase 500 mil habitantes recebe seus visitantes. Para os que não têm coragem, vou dar uma breve descrição do inferno: os azulejos caem pelas paredes, os mictórios são amarrados com arame para não despencarem, os espelhos - todos quebrados, amarelos e enferrujados-, refletem a cara de espanto do visitante; o teto de gesso já despencou há anos; placas de mofo por todos os lados completam o ambiente; a iluminação parece piada - só pode ser piada - lâmpadas de 60 velas pendem amarradas em canos, e o mau-cheiro, se é que pode se chamar aquilo de cheiro, está impregnado até hoje no meu nariz. Não é possível que isso exista. O banheiro de Montes Claros é um perigo para a saúde pública e deveria ser interditado pela Vigilância Sanitária.O que aconteceu com a minha na cidade? Alguém pode me dizer? Os motoristas de táxi sabem e me disseram, mas não seria nada educado reproduzir aqui. Enquanto tomo mais susto com feiúra da Cula Mangabeira vou pensando: “Espero viver mais 20 anos sem precisar pisar nessa rodoviária novamente”.

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