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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: MARUJOS, CATOPÊS E CABOCLINHOS A península ibérica permaneceu sete séculos sob o domínio dos mouros, ou seja, dos bárbaros mulçumanos, que professavam o islamismo. Sua reconquista, pelos cristãos, no séc. XVI, apesar da miscigenação, passou a ser comemorada pelos europeus, portugueses e espanhóis. Os portugueses aqui chegaram e, dois séculos depois, trouxeram até nós, dentre outras, uma tradição folclórica chamada marujada. A marujada nascera da chegança, que era uma dança portuguesa, do século XVIII, que, no Brasil, transformou-se em auto. Os autos passaram a ser representados, no Natal, nas regiões norte e nordeste. Neles encenavam-se as duas cheganças, as dos marujos e a dos mouros. Nas ruas travavam-se lutas entre cristãos e islâmicos, que terminavam com a vitória dos primeiros e a conversão dos últimos, que eram, então, batizados. Era a vitória do bem sobre o mal. Nos imensos descampados, do norte de uma província chamada Minas Gerais, enfeitados por montes claros, território de uma laboriosa tribo, cujas principais atividades econômicas eram a pecuária e a agricultura, a chegança transformou-se, na primeira metade do séc. XIX, em cavalhada. Para tanto gado em tanta terra, bons vaqueiros e bons cavalos. Claro que os navegantes europeus, agora chamados marujos, conservaram seus reis, rainhas, príncipes e princesas; suas artes, inclusive militares, sua religiosidade e seus costumes. Claro que os negros africanos, muitos do Congo, agora chamados catopês, conservaram suas tradições, especialmente suas danças, os congados. Conservaram também seus reis, rainhas, príncipes e princesas e suas entidades religiosas, muitas delas o Deus e os santos dos navegantes europeus, só que com nomes diferentes. Conservaram também seus ritmos no ruflar de seus potentes e harmoniosos tambores. Claro que os índios brasileiros, aborígines, agora chamados caboclinhos, amantes da liberdade, que viviam em conluio com a natureza, também conservaram seus costumes, suas artes e sua religiosidade. A miscigenação dessas três raças, que originou esse magnífico “povo novo” (nome brotado da inteligência de Darcy Ribeiro), chamado brasileiro, se incorporou à festa da vitória do bem sobre o mal. Afinal, todos, das mais variadas formas, haviam lutado... Em minha aldeia agradecemos a vitória ao Divino Espírito Santo, a um santo negro e a uma santa branca: São Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Nos três dias mágicos (18 a 21), de cada mês de agosto, há 167 anos, representamos a batalha. Dançamos, cantamos, tocamos violas, pandeiros e tambores, armamos mastros, passamos fitas, rezamos, comemos, bebemos e soltamos fogos, preservando essa cultura, histórica e popular, da qual temos o maior orgulho e, esperamos, nunca morra. Um fraterno abraço, neste agosto de 2007, a todos os marujos, catopés e caboclinhos, expressão maior desses lindos dias de festa que tocam profundamente nossos sertanejos corações. PS: 1 - Parabéns ao montesclaros.com pelo belíssimo link “Músicas de Montes Claros”. Depois dele só trabalho no Microbala ouvindo-as. As gravações estão belíssimas. 2 – Como titular da cadeira n° 34, incorporo-me à tese dos que desejam cognominar nossa Academia de “Casa de Dona Yvonne”. Ninguém mais do que ela merece esta homenagem. 3 – Infelizmente não poderei comparecer à Festa do Montes-clarense Ausente. Ano que vem, se Deus quiser, estarei aí. Um grande abraço ao digno e culto colunista Magnus Medeiros, organizador do evento que, neste ano, será o “Baile do Sesquicentenário”.

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