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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Só sai se pagar...<br><br>O prefeito de Francisco Sá, Ronaldo Ramon de Brito ( DEM ), não disse novidade quando, em reunião do PPS em Montes Claros, denunciou a cobrança de propinas em órgãos públicos de Brasília ( DF ) para liberação de recursos destinados aos municípios. O inusitado foi ter falado em público e, por coincidência, no momento em que o STF ( Supremo tribunal federal ) acatava denúncia do procurador-geral da república, Antônio Fernando de Souza, contra 40 acusados de participação no escândalo do mensalão. Eles agora respondem como réus a crimes de peculato, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva.<br>Esse é considerado o maior processo criminal da história do país, envolvendo quarenta réus, centenas de testemunhas e muito dinheiro, com duração prevista para cinco anos, pelo menos, e risco de prescrição de alguns crimes. Aqui, a denúncia do prefeito de pequena cidade, feita em recinto fechado para grupo restrito de pessoas, poderia ter passado despercebida, até pelo fato de envolver servidores de menor expressão na administração pública, enquanto que o mensalão, chefiado pelo ex-ministro José Dirceu, ex-todo poderoso do governo Lula, era executado nas vizinhanças do gabinete presidencial e fez estremecer as instituições do país.<br>Os ingênuos chegaram a acreditar que a repercussão do escândalo serviria para moralizar a administração pública e levar o Congresso a promover as reformas de que tanto se fala. Mas logo ficou claro que nada disso aconteceria, predominando a acomodação em todos os níveis do poder. O próprio presidente Lula da Silva reagiu equivocadamente, interpretando o episódio apenas como tentativa da oposição para desestabilizar seu governo, e até duvidou da existência do mensalão.<br>Reeleito para o segundo mandato, considerou-se absolvido pelas urnas e cuidou de montar ampla coalizão a pretexto de garantir a governabilidade, quando na verdade estava se entregando à chantagem dos aproveitadores de sempre. Prevalece a certeza da impunidade, devido ao que a corrupção sistêmica continua em expansão e os escândalos se sucedem. A imagem daquele funcionário dos correios embolsando R$ 3 mil em espécie para mudar o resultado de licitação, repetida centenas de vezes pela televisão, dá bem a medida do que acontece no país e é disso que fala o prefeito de Francisco Sá.<br>“Nunca vi um governo tão corrupto”, afirmou ele, referindo-se à cobrança de propina para liberação de recursos destinados aos municípios. Cuidando de ressalvar a imagem do presidente da república, ele atacou: “Tem uma tal de champanhe em Brasília... Se você não der o do champanhe, não sai nada”, expressão que retrata corrupção ativa e passiva. Ele falou também da prática vigente no Congresso nacional, onde parlamentares apresentam emendas no orçamento da União destinando recursos para a realização de obras, com parte do dinheiro sendo destinado a eles próprios. Algo semelhante ao que foi apurado no escândalo das ambulâncias, que se resumiu em algumas prisões espetaculosas, logo relaxadas. Sem conter sua indignação, o prefeito foi enfático, não dispensando a expressão chula: “E os vendedores de emendas? Um absurdo, PQP”... Mas não se deixou perder na imensidão do planalto central, assestou sua metralhadora giratória também em órgãos do governo federal sediados no Norte de Minas, no caso, Dnocs e Codevasf, cujos pátios, segundo ele, “estão cheios de canos, enquanto milhares de famílias morrem de sede” em virtude da estiagem que devasta a região.<br>Sobre isso, nesta coluna, no período pré-eleitoral do ano passado, foi reproduzido o texto de anúncio publicado em jornal da região, em que o diretor de um desses órgãos prometia a distribuição de canos e insinuava pedido de votos. Não aconteceu rigorosamente nada em função da denúncia. Ninguém foi advertido funcionalmente e muito menos demitido ou processado pela justiça eleitoral por prática de publicidade irregular. Mas o dirigente em questão se elegeu.<br>A decisão do STF, de iniciar ação penal contra a quadrilha de mensaleiros, constitui grande avanço e faz renovar a esperança dos ingênuos de que o processo de depuração pode estar começando.

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