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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: E a menina, que amava os catopês, caboclinhos e marujos, retornou a seus pagos.<br><br><br> “Minas / Igrejas e sinos de sons puros e cristalinos / cidades velhas, velhinhas / como boas avózinhas / contando lindas histórias”. Os sons puros e cristalinos dessa estrofe do poeta Abílio Barreto, fizeram a menina lembrar do repique alegre e animado do sino da Igrejinha do Rosário.<br> É Agosto, o vento quente do mês trouxe até seu coração o aviso que as “Festas de Agosto” iam começar. Ela arrumou a mala e se mandou para a cidade que estava também comemorando o Sesquicentenário e o Encontro do Montes-Clarense ausente. Como estava ainda vivendo dias cinzentos pela perda de pessoa querida, nada melhor que alegrar seus dias molhando suas raízes nas águas do Rio Pacui de sua infância, pois o Rio Vieira já não mais existe.<br> O mesmo Agosto, em Montes Claros, é diferente. As cores, os cheiros anunciando o cio da terra, céu azul intenso – o mar de Minas – contrastando com o amarelo-laranja do sol, mais a alegria das Festas Tradicionais que nunca morrerão.<br> A menina volta para receber as bênçãos e a proteção de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo e energizar-se com os ares sertanejos que a cidade cultiva e se orgulha.<br> Com sonhos e fantasias na cabeça, encontra uma realidade diferente de onde viveu uma infância e juventude inesquecíveis. Uma cidade dinâmica, universidades criando condições para todos estudarem, “Conservatório Lorenzo Fernandez” apresentando um recital de músicas clássicas pela soprano Clarice Maciel, a mezzo-soprano Regina Coelho acompanhadas ao piano por Talita Peres. Concerto digno de qualquer platéia exigente. “No auditório Marina Lorenzo Fernandez” a menina reencontrou sua professora de música e canto orfeônico, Dona Arlete Macedo, plena de lucidez, linda no alto de seus mais de noventa anos. Seus corações conversaram e lembraram de tantas coisas boas. A menina percebeu que a cidade ainda tem quintais com dezenas de árvores frutíferas: jabuticabeiras, pés de manga, romã, abacate, carambola e goiaba. Chupou jabuticaba no pé, em casa de amiga querida. Visitou “o atelier de arte Renoir”, onde Márcia Prates retrata a alma da cidade em quadros, cartões e esculturas encantadoras.<br> Acompanhou os catopés, marujos e caboclinhos pelas ruas da cidade, batizou fitas, cantou “Deus vos salve Casa Santa”. Viu Joaquim Poló fazer acrobacias com a bandeira dos caboclinhos, tocar a rabeca e ensinar a dois meninos-caboclinhos a cantar. Assistiu a cena emocionante dos catopês e marujos reverenciarem um catopê dos velhos tempos, hoje em uma cadeira de rodas, mas a vida brilhando em seus olhos lavados de lágrimas e participando com a alma daquele espetáculo de fé. Mestre Zanza, mesmo doente, participou muito entusiasmado da Festa de Agosto. O neto do chefe da marujada – Mestre Nenzinho, falecido há pouco tempo – uma criança de nove anos, estava de mãos dadas com o pai, e trazia o retrato do avô colado em sua roupa, dava a certeza de que as futuras gerações não deixarão as Festas de Agosto acabarem. O Padre-Catopê João Batista fez uma reflexão sobre a globalização e seus aspectos perversos na nossa cultura, sua influência na família, desvirtuando valores, e mostrou como é importante o povo preservar suas tradições.<br> A menina foi para ficar poucos dias, mas estava tão feliz e foi ficando... O número 365 da Rua Tupis no Bairro do Melo é hoje como se fosse a casa de sua mãe. Apenas trocou de endereço. Amizade solidificada no correr dos anos, irmanadas por vivências comuns.<br> O dia precisava ter mais de 24 horas para atender a tantas provas de carinho e amizade. Almoços, lanches, cafés noite a dentro, reencontros inesquecíveis e novas amizades.<br> A menina assistiu a posse do escritor e jornalista Edgar Antunes Pereira na Academia Montesclarense de Letras, numa cerimônia elegante e emocionante, dirigida pela Presidente Ivone de Oliveira Silveira, patrimônio da cultura de Montes Claros. Encantou-se com o lançamento do segundo livro “Memórias do Rey” edição do sesquicentenário e também “Ventos de Agosto”. O primeiro de Reynaldo Veloso Souto e o segundo de Edgar Antunes Pereira. A cada dia, sua estante é enriquecida com livros dos escritores Montes-Clarenses, que retratam as histórias, os causos, da cidade coração robusto do sertão. Na Festa que Magnus Medeiros organizou no Automóvel Clube, outra surpresa maravilhosa! A menina reviu sua querida professora do 4º ano primário, Dona Rosita Aquino. Está tão nova, bonita, parece que o tempo não passou. A professora e a aluna naquele momento se transferiram para a Sala do Grupo Escolar Francisco Sá, onde ela aprendeu valores e conteúdos que ajudaram a alicerçar sua caminhada.<br> Andou invisível pelas ruas da cidade, recompôs as casas nº 68 e 74 da Presidente Vargas, namorou escondido na Praça da Matriz atrás do coreto e perto de uma espirradeira cor-de-rosa forte, rosa como era a cor de seus sonhos.<br> A menina viveu dias de pura alegria, fotografou para os filhos e netos conhecerem as festas que alegraram na simplicidade da beleza a infância já tão distante!<br> Misturando passado, presente e futuro, a semente plantada pelo bandeirante Figueira no Arraial das Formigas, deu origem a uma árvore frondosa, forte, uma gameleira que acolhe, protege e seduz. Ninguém melhor que Dr. Plínio Ribeiro dos Santos sintetizou em um verso o orgulho de quem nasce em Montes Claros: “Ser teu filho, oh! Montes Claros é ter nervos de aço, caldeados na fogueira do sertão. Até para o ano que vem... Até para o ano que vem...”<br><br>Esta crônica é para: Magnus Medeiros, Paulo Narciso, Raquel Souto Chaves, Paulo Estevam, Roy Souto Chaves e Ucho Ribeiro.<br><br> Carmen Netto Victória<br> Agosto/2007<br><br><br>

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