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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: NOITES MONTES-CLARENSES ANOS 50

A pista sintecada da boate Maracangalha refletia o tripudiar das bandeirolas vermelhas e amarelas, o beije claro da calça de linho de Zé Pai da Mata, a brasa do cigarro Lyberty Ovais do dândi Ururahy Filpi e o brilho do vestido de seda de Aurora, que usava uma dália no cabelo e dançava com um gringo argentino.
Lauzinho da Guitarra tocava, e Dincanga, inebriado e lamentando o amor impossível pela doce Ceci, cantava imitando Bienvenido Granda... Perfume de gardênia/belíssimos testejos/la luz en tu mirar...
Lurdinha Loura enxugava as suas lágrimas em um lenço de organdi, sob a média luz. Penava, assim, o fim do seu romance com Ronaldo Toffani.
Walduck, Zé Cabecinha e Walquir se encharcavam com White Horse on-the-rock, e planejavam levar Roxilda. Aparecida Gorda e Baiana para tomarem banhos no rio do Melo, sob a tenda da amplidão.
Pecados rasgados do lado de baixo da linha do Equador!
Beijamim do Cachimbão executivo da Anglo, se fazia acompanhar de pecuaristas vindo do Norte da Bahia, convidados para saborear uma canja de galinha caipira no exótico Bar do Calixto.
Neco Santa Maria, líder político, ciceronava deputados em visita aos Montes Claros. Usava o seu costumeiro terno de linho Oxtrite um par de óculos modelo Ronaldo. Na cintura o inseparável revolver Clark, cabo de madrepérola.
Notívagos tomavam um porre de conhaque no Clube Montes Claros, enquanto batiam uma animada partida de “chemim de fer”.
Eram tempos de fartura, de sofreguidão, de romantismo, de degustar um lauto baião de dois no Baiano, de saborear um prato clássico no Valério, onde em 1956, Cauby Peixoto foi homenageado com um jantar e cantou para um “petit comitê”... Marise/você vive a sonhar/com as coisas do altar...
No dia seguinte as tietes curraleiras movidas pela mística do pequi rasgaram em pedaços o seu terno de tropical inglês. Em seguida cortaram a sua gravata de seda com uma grande tesoura sollingen. Temendo por sua vida ele ficou imóvel e pasmo. Estava desfilando de carro aberto pelas ruas.
Depois, lhe sapecaram um monte de inúteis beijos manchados de batom!
Tudo, sob as bênçãos de Figueira e as emanações do Astro Rei.
Tenório Cavalcante, o lendário Homem da Capa Preta, deputado eleito pela UDN,com seu chapéu de feltro espanhol, saía do Hotel São José, acompanhado pelo Doutor Pedro Santos. Oculta sob a mística Capa Preta, sua possível metralhadora portátil Ina 45.
Meninos da turma da Rua Tiradentes, eu, Wagner, Waltinho, Chiquinho, Mano Candido, Paulinho e o saudoso Zé Carlos Priquitin, à porta do Mercado Municipal fazíamos comentários à boca pequena sobre a hipótese de presenciarmos um atentado à bala contra o monstro sagrado da política nacional.
Imaginávamos o matraquear da Lurdinha de Tenório, na Praça Doutor Carlos, contra os da situação, possíveis agressores, quando um gaiato da turma botou fim à nossa viagem no mundo colorido da imaginação.
Gritou: Ê hei ê! Não adianta. A capa dele é blindada por dentro! Derramou areia na nossa projeção.

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