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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Diário de Viagem de duas Mineiras no Circuito Andino Recordar é conseqüência óbvia de qualquer viagem, mas, existem momentos que, por serem tão especiais saem do campo da memória para fazer parte definitiva da vida. Um desses momentos eu ganhei de presente ao fazer o Circuito Andino com minha amiga Alzira Figueiredo Caldeira. Começamos por Buenos Aires, depois Bariloche - Travessia dos Lagos Andinos - Santiago. Viajar é algo mágico. Uma sensação do inusitado, quebra radical da rotina. Um ato que desperta sentidos e apura emoções. Não é fácil escrever sobre viagens sem cair em clichês. É como reproduzir um conto de fada com cenários dos livros infantis. Tentarei dividir com os leitores o diário dessa viagem de Turismo, em que se busca a realização de um sonho. Felicidade, essa é a essência de uma boa viagem, afinal não é isso que a gente procura quando partimos carregados com uma parte de nossa vida acondicionada em malas coloridas? E, lá fomos nós preparadas para fazer longas caminhadas, subidas, descidas. Conhecer outras culturas, pessoas interessantes, amplos horizontes, belos lugares e muita emoção. Iniciamos a viagem por Buenos Aires, onde chegamos às 15:30h. O vôo pela Lan Chile foi ótimo. Avião confortável, comissários (as) educados e simpáticos. O lanche, como sempre, comida de avião. Tínhamos uma pessoa a nos esperar no aeroporto e o caminho para o centro da cidade é muito bonito, contudo alguns conjuntos habitacionais bastante antigos e decadentes destoavam da paisagem. Ficamos no Gran Hotel Argentino na Rua Carlos Pelegrino, paralela à Av. 9 de Julho, quase junto ao obelisco. O prédio antigo em estilo ´art-decôr´, com vitrais coloridos deve ser do tempo anterior a Evita e Perón. ´Antigo como a Sé de Braga´. Em suas imediações, restaurantes, cafés e um ótimo comércio. Os preços estão excelentes para comprar e a comida é muito em conta. Como já conhecia Buenos Aires, achei a cidade mais triste. Árvores desfolhadas pelo inverno rigoroso, pichações nos prédios e muitos moradores de rua enfrentando o fim do inverno ainda bastante frio. A cidade é muito europeisada no modo de trajar, na maioria dos prédios em estilo acadêmico francês (existem ruas e avenidas que parecem que estamos em Paris) misturado ao estilo grego e ao renascimento italiano. A cidade muito plana é fácil de ser conhecida e nada melhor que misturar-se ao povo para sentir sua realidade. Como está muito frio, as pessoas se vestem com roupas de inverno, capas muito elegantes, formando um conjunto harmonioso com a cidade. Nessas caminhadas, observei muitos aspectos interessantes. Um deles é a conscientização política do argentino. Tive a oportunidade de ver várias reivindicações. Uma delas, muito organizada, dos funcionários do metrô, exigindo melhores salários e condições de trabalho seguras. Caso não conseguissem, iriam partir para a greve. Lembrei do meu país, que vive uma crise sem precedentes no Senado, onde o Presidente, Renan - não saio - Calheiros, arrogante, prepotente e corrupto faz as suas próprias leis e nós passivamente assistimos a tudo, sem mover um dedo. Para mim, viagem é oportunidade para aprimorar a minha bagagem cultural. No city-tour paramos na Plaza de Mayo, nela está a Casa Rosada e o balcão onde Evita coberta de peles e jóias, ao lado de Perón, num discurso populista, falavam aos descamisados. A Catedral de Buenos Aires, cópia da Igreja Madeleine de Paris, com colunas gregas e onde uma chama eterna reverencia o General Sam Martin, autor da independência argentina. Como ele era maçom a Igreja não permitiu seu sepultamento no interior da mesma. Ao tomar conhecimento desse fato, lembrei-me do meu querido e competente Prof. Pedro Sant`Ana, quando lecionou na segunda série ginasial a ´História da América´, e, nos mostrava nos fatos históricos os preconceitos, os horrores perpetrados pelos colonizadores, a matança das civilizações pré-colombianas. O Jardim da Plaza de Mayo está muito abandonado. Bancos estragados, monumentos sujos, falhas imensas na grama, mas os lenços brancos das mães e avós da Plaza de Mayo continuam a lembrar todas as quintas-feiras, os desaparecidos e mortos de uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina. Hoje é outra geração, mas o objetivo continua mais vivo que nunca. Neste momento lembramos da nossa linda Praça da Liberdade tão bem cuidada e constatamos que não valorizamos o que é nosso. É aquele velho ditado: ´A grama do vizinho é sempre mais verde´. Continuando nosso giro, chegamos ao Bairro Boca com o estádio do Boca Juniors e suas construções coloridas e típicas. O Bairro está em franca decadência e lindas construções com forte influência da imigração italiana, pedem para ser reformadas, pois são verdadeiras obras de arte, como só os italianos sabem fazer. Com o dollar despencando, o turismo está em alta e ´Los hermanos´sabem como aproveitar. No Caminito, casais com trajes típicos dançavam o tango, fotografavam com turistas e vendiam ´souvenirs´ que depois lembrariam momentos especiais. Estava muito frio e um vento gelado soprava do Rio da Prata, tão largo como um mar. Recoleta, Puerto Madero, compras na Rua Florida que não é mais aquela. A globalização padronizou tudo, mas é sempre agradável olhar vitrines. Um casal dançava um tango argentino ao som de um bandoneon. ´Madressilvas em Flor´ e depois Astor Piazzola em ´Balada por um loco´. A luz acendeu num poste da década de 20, estava na hora de voltar para o Hotel. A noite nos esperava para ver o show ´Senhor Tango´, espetáculo para turista. Naquele instante ainda envolvida pelo som dramático do bandoneon, reflito sobre culturas tão díspares como a argentina e a brasileira. Mas isso, já é outro relato. Continua... Carmen Netto Victória

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