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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Na Casa do poeta Alphonsus

Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)

Na posse da poeta Yeda Prates Bernis na Academia Mineira de Letras, em setembro, assentei-me, no auditório Vivaldi Moreira, ao lado de Ângelo Oswaldo. Trocamos idéias rápidas antes e depois, porque em solenidade muita conversa seria imprópria.
Lembrei que, em agosto de 2006, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos se empossara na cadeira nº 39, da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, saudado pelo acadêmico José Anchieta da Silva.
Praticamente um ano após, Ângelo Oswaldo assumiu a cadeira nº 3 da Academia Mineira de Letras, sucedendo a Oscar Dias Corrêa, sendo ali saudado por José Bento Teixeira de Salles, que também pronunciou o belo discurso para saudar Yeda.
Naqueles momentos, meditei sobre a importância desses sodalícios, de que comumente se tem idéia equivocada: mero ponto de reunião de pessoas realizadas na vida, no exercício de cargos públicos, bem aquinhoadas financeiramente. Mas as academias, embora contem com todos esses homens e mulheres a que a existência deu alento e privilégios materiais, são também de expressões de saber, de ideais, de devotamento aos jogos da inteligência e das artes.
Naquela noite, estávamos ali, sob a presidência de Murilo Badaró, ex-parlamentar e ministro, dentre outros títulos, os mencionados acadêmicos: Ângelo Oswaldo, de intensa atividade cultural e administrativa, a que tantas iniciativas e bons serviços se devem; neto de poeta, José Oswaldo, empresário, acadêmico, ex-prefeito de Belo Horizonte; belo-horizontino de nascença, orgulho do pai, o advogado Cristino Teixeira dos Santos, que não está mais entre nós.
Para saudar Yeda, José Bento, de uma estirpe ilustre da gloriosa Santa Luzia, tão bem representada nos grêmios intelectuais, assim como nas serestas de que a montanha é herdeira e permanente cultora. Seu discurso foi uma obra-prima sobre o ofício do poeta, que é muito mais do que um ofício, porque uma religião e uma destinação.
Yeda, viúva de Ney Otaviani Bernis, jornalista e advogado de fulgor nas Minas, é da grei dos Prates, de Montes Claros, embora nascida em Belo Horizonte.
Sua origem deita raízes a terra de homens bravos nos embates da política partidária, valentes nas armas e na defesa da honra e do direito. Mas se alia a Santa Luzia no amor à arte, ao som moreno das valsas e modinhas, que deram enlevo às noites de sucessivas gerações.
O prestigioso jornalista de outros tempos, Newton Prates, deu ênfase à divisão nos grêmios políticos de MOC: no começo, eram os Ximangos e os Cascudos, ou seja, os Liberais e Conservadores, que estiveram em guerra durante todo o Segundo Reinado. Depois, vieram os Estrepes e os Pelados.
Os Estrepes moravam nas ruas de Baixo e lá mandavam. Nas ruas de cima, habitavam os Pelados. Até as bandas de música, sem as quais não sobrevivem as cidades interioranas, eram duas: a Euterpe e a União Operária.
Os três irmãos Prates vieram da Holanda, nos fins do século XVII. Um se instalou em São Paulo, outro preferiu o Rio Grande do Sul e Hermenegildo elegeu Minas para formar família, nascendo de seu casamento com Maria Carlota, nove filhos. Grei numerosa a dos Prates, na qual estava Camilo Raul Prates, casado com Vera Santoro Felício dos Santos; que gerou Carlos Felinto Prates; que gerou, entre outros, Yeda, única com esse nome na parentela.
Yeda é poeta de excelsa qualidade, provada em seus próprios livros e em muitas antologias, que circulam no país. Seu trabalho mais recente, em bela edição, é “Viandante”, uma espécie de lírica confissão sobre a transitoriedade da vida.
Este volume é, vamos dizer, uma confissão de amor ao esposo: “Com Churchill conversas sobre tua admiração por ele. Com Milton Campos, falas de justiça. Com Chico Xavier, indagas da espiritualidade. A propósito: já terás dado um abraço em Jesus?”

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