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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Diário de Viagem de duas Mineiras no Circuito Andino

O dia amanheceu bastante frio, Buenos Aires desperta e começa a se mover e, nós fazemos a mesma coisa. Ontem 13/09/2007 fomos jantar e assistir um show de tango no “Senhor Tango”. O local está mais sofisticado do que quando o conheci anos atrás. É local para turista ver o tango estilizado. Uma orquestra com piano, violinos e bandoneons encanta a platéia. No jantar sentamos com três chilenas muito simpáticas. Num portunhol nos entendemos muito bem, falamos de nossos países, trocamos e-mails, brindamos e confraternizamos com alegria, aquele momento. O show é muito bonito, mas um pouco longo. Para mim a orquestra de bandoneons valeu por tudo. Ela é regida por um maestro velhinho, venerado e respeitado pelos músicos. Eles seguem um ritual antes de tocar Gardel, Piazzola, La Pera e outros mais. O show termina com uma apoteose emocionante à Argentina. Os bailarinos e todos os músicos cantam “Não chores por mim Argentina” e do teto caem papéis picados azuis, brancos, prateados e tiras de pano azul e branco. “Não chores por mim Argentina” é o segundo hino de los hermanos, mas, bem trágico e triste, e eles cantam com a mão no peito e o maior orgulho. Lembrei-me de “Aquarela do Brasil” de Ari Barroso, nosso segundo hino. Animado, festivo, buliçoso e alegre faz nosso coração disparar, mas de alegria...
Hoje é dia livre, nada melhor que andar descompromissadas, descobrir museus, livrarias, envolver com a cidade para conhecê-la melhor. À tarde fomos lanchar no “Café Tortone”, o mais tradicional e antigo de Buenos Aires. Data de 1858, com um requinte semelhante à Confeitaria Colombo do Rio, e fica na Avenida de Mayo, 825. É um programa imperdível. Tivemos como companheiras as sobrinhas de Alzira, Daniela e Valéria com sua filhinha Sophia. Valéria casou-se com um argentino e reside há mais de dez anos em Buenos Aires. Deu-nos informações sobre o cotidiano da cidade, tiramos fotos, falamos de Bocaiúva, Montes Claros e Belo Horizonte. Comentamos como o mundo encolheu, a rapidez das viagens, a facilidade das comunicações via internet, celulares; ao lado do “Café Tortone” está o Museu do Tango, mas a falta de tempo não permitiu conhecê-lo.
Amanhã (14/09/2007) vamos para Bariloche na Patagônia Argentina. De avião, saímos de Buenos Aires às 11 horas. Estou longe, muito longe de casa. Quando estava no Ginásio, estudando Geografia, a Patagônia era o fim do mundo. Estou a milhares de quilômetros de minha terra natal, respiro o ar frio e puro de Bariloche. Embalada pela brisa fria que abre caminho até o imenso lago “Nahuel – huape” absorvo tudo de bom que me envolve nesse momento, como se eu fosse uma ilha cercada de beleza por todos os lados. Nosso hotel tem o nome desse lago, é lindo e bem decorado; no seu entorno cafés, restaurantes e um comércio sofisticado. Da janela do nosso quarto somos presenteadas com uma paisagem de cartão postal. O lago de um azul intenso, os picos nevados, e os últimos raios do sol, dando um colorido que só “Monet” conseguiria pintar. Temos uma sensação de paz, tranqüilidade e solidão. Saímos para alugar roupas e botas próprias para neve. A temperatura está 3º graus, estamos bem agasalhadas e é delicioso esse frio para quem vive nos trópicos onde praticamente não existe inverno. Deito pensando na neve que encontrarei e que sensações terei. Amanhece. Um sol morno e desbotado surgiu por algumas horas fazendo a neve das montanhas resplandecerem Antes de chegarmos ao Cerro Catedral, paramos no “Cerro Campanário”, onde em um teleférico tivemos uma vista privilegiada dos lagos, montes cobertos de neve e bosques verdejantes. Cada paisagem mais linda que outra. Em um dos mirantes a imagem de N. Srª das Graças, em outro uma cruz. O silêncio, a placidez, a emoção silenciam as pessoas numa prece coletiva. Voltamos para o ônibus e após alguns quilômetros, numa curva da estrada, aparece o “Cerro Catedral”. A vista é deslumbrante, com suas pistas de esqui, teleféricos, bondinhos para subir a montanha. E, eis que começa a nevar... Nunca me imaginei sentindo a neve cair. Foi uma das experiências mais lindas da minha vida. É emocionante, macio, delicado! Vivi uma paisagem de Natal. Fizemos guerra de neve com um grupo animadíssimo de São Paulo, onde crianças, adultos e idosos se irmanavam numa alegria imensa de viver. Alzira e eu nos batizamos na neve, tiramos muitas fotos e fiquei quase o tempo todo sob a neve que caía silenciosa, me acariciando, ora em flocos maiores, ora menores. Bonecos de neve como nos cartões de natal, iglus, temperatura de 10º negativos. Nesse momento acordamos as menininhas que dormiam em nós e juntas fizemos todas as estripulias que merecíamos. A guia nos disse que esta nevada foi um presente, pois não é costume nevar com tal intensidade no mês de Setembro. Tenho certeza de que foi um presente que Deus me deu, pois realizei um dos sonhos que sempre acalentei: brincar na neve; Mineirona que sou, lembrei-me quando na infância conheci o mar e provei sua água para ver se era mesmo salgada. Hoje, já no outono da vida, provei a neve, brinquei e me encantei.
Domingo será o nosso último dia em Bariloche. Hoje, 18/09/2007, amanheceu bem frio, 2º negativos. Resolvemos caminhar à beira do lago. Comentei com Alzira não termos visto nenhuma embarcação navegando. Depois ficamos sabendo que era para não poluir o lago. Essa proibição é válida, pois na T.P.M que vive nosso planeta, esse lago emoldurado por montanhas cobertas de neve é um patrimônio a ser conservado para os que virão.depois de nós. Continuando a andar, chegamos na Igreja da Virgem Del Lago Huape. Estilo gótico, construída com pedras esverdeadas do Lago – hoje proibido. Chegamos na hora da missa e comunguei em ação de graças pelo passeio maravilhoso que Deus me concedia e pedi minhas três graças. No final, o Sacerdote reza uma Ave-Maria em intenção dos turistas, deseja boa viagem e nos abençoa. Amanhã, 19/09/2007 vamos fazer a Travessia dos lagos. Até o próximo domingo.

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