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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Agora que o Brasil inteiro chora a partida de José Aparecido de Oliveira, mineiro de Conceição do Mato Dentro, é hora de relembrar que ele tinha amigos e uma relação especial com Montes Claros. Foi aí, na cidade de vocês, que José Aparecido passou o dia em que, pelas urnas, recuperou a plenitude de sua cidadania política, em 1982. Vou relembrar. José, que na precoce marca dos 30 anos, já exercia seu fascínio sobre a política, foi o todo poderoso secretário particular do presidente Jânio Quadros, em 1961. Com a renúncia deste, passou a braço-direito do governador Magalhães Pinto. Paradoxalmente, acabou cassado em 64 pela “revolução” que tinha no seu amigo governador de Minas o “líder civil”. Banido formalmente da vida política, não se intimidou. Nos bastidores, por característica que jamais será suficientemente explicada, influenciava até os algozes, espremendo-se nos espaços que lhe eram deixados e abrindo inúmeras frentes de ação, com a pertinácia de estrategista respeitado e até temido. Nunca, na história, alguém esteve tão perto de ser sempre o próximo governador dos mineiros, posição que em função de sua cassação política a vida fica a lhe dever.Desdobrado em muitos, fazia amigos por toda parte, e também em M. Claros. Aqui quero chegar, para contar como o dia da sua alforria política achou José Aparecido em M.Claros. Semanas ou dias antes, “O Jornal de Montes Claros” publicou coluna de um repórter e analista político que o conhecia de muito perto (Paulo Narciso). Zé leu as referências em Belo Horizonte e no dia exato em que recuperaria as plenas condições de fazer o que mais gostava – política –, na primeira manhã, ele tomou um teco-teco para M. Claros, na companhia de seu irmão e também admirador, Genesco. Chegou bem cedo na manhã em que as urnas lhe fariam justiça, conferindo-lhe a segunda maior votação de Minas para deputado federal. A maior “como pessoa física”, riam-se os amigos, já que o campeão havia sido fortemente financiado por uma poderosa empreiteira, inclusive em M. Claros, fato pouco conhecido. Zé desembarcou do avião “cai-cai” e hospedou-se com o tio Genesco, de onde – bem ao seu costume – disparou telefonemas para o Brasil inteiro, e também para um amigo que há anos vagava numa solitária embarcação pelo rio Amazonas – o escritor e reitor Mário Palmério. Deixou uma conta telefônica de arrepiar os cabelos, mas em M. Claros, na companhia dos amigos, do repórter que o comovera com o artigo, e do ramo local de sua família, viu desvanecer-se pelo voto o embaraço autoritário que lhe turvou o caminho, ainda na juventude. Até o fim, na altura dos 78 anos,cultivou amigos como se fosse o único e tratou cada um deles, desta forma – como o único amigo. O que agora explica que por toda parte surjam sentidos lamentos pela partida de um ente político excepcional, um amigo incomum e um brasileiro dos mais notáveis da história. Mutilado pela animalesca brutalidade do jogo político entre nós, mas íntegro nas escolhas que fez e que perseguiu até o fim.

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