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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Agora que José Aparecido de Oliveira é morto, e a saudade cicia, é bom saber um pouco mais sobre ele, Aparecido. Aqui vai um depoimento do maior analista político da história recente do Brasil, Carlos Castelo Branco, o Castelinho, sobre este intrigante personagem que nos deixou há apenas duas semanas. O trecho abaixo é extraído da entrevista que Castelinho deu a Adriana Zarvos, não muito distante de sua morte. Os dois - Castelinho e Zé -tornaram-se amigos; um, o maior cronista político do Brasil; o outro, descrito pelo primeiro como o mais brilhante articulador político de sua geração. Brilhantes, os dois, como craques de uma mesma e genial seleção: <br>“Como começou sua amizade com o José Aparecido? <br>O Zé chegou no Rio em 1958 ou 59. Magalhães Pinto era Deputado, e ele era secretário político do Magalhães. Na época ele estava trabalhando Magalhães para presidente da UDN nacional e, evidentemente, Governador de Minas. Quando o Zé chegou ao Rio, começou a fazer uma grande movimentação política, para aproximar os jornalistas do Magalhães Pinto. O Magalhães era Deputado há 15 anos, mas não tinha importância, só tinha como banqueiro. Quem deu importância ao Magalhães foi o Zé Aparecido, abrindo os canais com os jornais. Antigamente procurava-se o Magalhães pra se pedir dinheiro emprestado, só depois para pedir notícias. Eu conheci o Magalhães indo ao banco fazer um papagaio [empréstimo] lá. <br>Mas vocês eram pessoas completamente diferentes, não? <br>O Zé Aparecido era um homem muito competente politicamente, muito habilidoso, e o Magalhães era um homem também sagaz e inteligente, mas não tinha traquejo. Aí o Zé pegou o Magalhães e deu um impulso a ele. Então, fiquei conhecendo o Zé Aparecido, sendo seduzido e muito envolvido por ele. Eu já estava por volta dos 40 anos, e estava sem fé na imprensa e sem projeto de vida.<br>Bom, voltando ao José Aparecido... <br>Quando o Jânio Quadros foi eleito, o José Aparecido foi para a festa de posse, como convidado, e entrou na fila de cumprimentos ao Jânio. Quando o Jânio viu o Zé, perguntou: ´O que você faz aí?´ ´Vim cumprimentá-lo.´ ´Não, senhor, seu lugar é aqui do meu lado, como meu secretário particular´. Depois ele disse: ´Amanhã às sete horas no Palácio´. No dia seguinte, o Zé disse a ele que, para ficar, precisaria ao menos um Secretário de Imprensa. Eu não estava interessado em ser, não queria. Estava aqui para fazer a cobertura da posse do Jânio para O Cruzeiro. Mas o Zé Aparecido estava obstinado, o Jânio me chamou no Palácio e me convidou. Eu disse: ´Olha, Presidente, eu não tenho nenhuma razão para vir trabalhar com o senhor, não sou político, estou com minha vida organizada no Rio, sou jornalista, trabalho no O Cruzeiro e no Diário Carioca, minha mulher é juíza lá no Rio, não tenho nem como vir pra cá´. Enquanto eu estava falando, ele tinha pedido uma ligação interurbana para o Rio, aí foi atender o telefone, era Leão Godim, Diretor do O Cruzeiro. ´Leão, eu quero que você me empreste o Castello por seis meses, são só seis meses´ Aí eu estava perdido, né? Ele disse: ´O assunto está resolvido´. Eu saí dali e fui conversar com o Quintanilha. ´Fui compelido pela minha empresa a vir trabalhar aqui, emprestado, somente por seis meses. Mas não chego aqui às seis e meia da manhã, não há hipótese, não acordo antes das nove em lugar nenhum, não chamo ninguém de senhor nem de Vossa Excelência e não peço a ninguém licença pra fumar´. Ele respondeu: ´Ô Castello isso é pros outros, não é pra nós não´. Fui desarmado! Comecei a trabalhar. Ia ao Rio nos fins de semana, e segunda-feira de manhã estava de volta.”<br>

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