Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: Diário de Viagem de Duas Mineiras no Circuito Andino – Final

Deixamos Bariloche para trás e iniciamos a Travessia dos Lagos Andinos. Não sei se conseguirei passar para o papel o que meus olhos viram, minha mente gravou e o meu coração se emocionou. Fomos presenteadas com um dia ensolarado, céu azul e naquela luminosidade especial quase surreal, montes nevados, lagos esmeraldinos, florestas de pinheiros, um turbilhão de cores e, por um instante me senti parte daquela paisagem, desapareci engolida pelo encantamento com a sensação de entrar num mundo mágico. A viagem é feita em ônibus e a travessia dos lagos em catamarans seguros e confortáveis. Paramos em Puerto Blest, em meio a picos cobertos de neve resplandecendo à luz do sol. Neste local, subimos quinhentos degraus bem disfarçados para conhecer várias quedas d’água. O bosque causa impacto, tal a beleza. Numa placa, o gênio da floresta convida a conhecê-la e somos invadidas por uma reverência à natureza. A trilha é rodeada por árvores de 500 a 700 anos; no final, cascatas despencam de grandes alturas.
Na travessia, conhecemos três recifenses: Nelma, Daiane e Neide. Cultas, alegres e divertidas como os nordestinos, e nossa viagem ficou ainda mais animada. Almoçamos num hotel cujo bar tem o nome de “Bodega Del Fim do Mundo” Patagônia. Novamente na estrada em meio à Cordilheira, paisagens lindíssimas se sucediam. Chegamos à “Aduana” argentina. Um guarda bonachão carimbou o visto de saída e vi na minha frente uma personagem de Gabriel Garcia Marquez. Achou meu nome bonito, disse que era devoto da Virgem Del Carmen e desejou-me boa viagem. Entramos no Chile; tenho paixão por este país por causa dos livros de Pablo Neruda e Isabel Allende. A paisagem é ainda mais bonita, o som do espanhol não é rascante e duro como o dos Argentinos, mas doce e melodioso. O Chile é um país que nos abraça, as pessoas são acolhedoras, nos envolvem e nos oferecem bons vinhos. Dormimos em um povoado chamado Peulla, onde vivem apenas cento e vinte pessoas. O Hotel “Natura Patagônia” é maravilhoso, com suas paredes de vidro, permitindo enxergar a Cordilheira e toda paisagem ao entorno, nos induzindo a uma viagem interior. Como era 18 de Setembro, dia da independência chilena, que eles chamam “Festas Pátrias”, o hotel ofereceu um vinho em honra à data e um casal trajando roupas típicas dançou músicas folclóricas e posou para fotos.
Saímos de Peulla para atravessar o último lago. Navegamos por 1 hora e 45 minutos, rodeados de montanhas e bosques. A paisagem é tão linda que não se consegue descrevê-la, mas apenas sentí-la. O vulcão “Ozorno”, que, em linguagem Mapuche, significa - espírito das nuvens
- causa novo impacto: coberto de neve mistura-se com as nuvens, sua última erupção foi em 1835 e hoje dorme tranquilamente.
Na estrada que nos leva a “Puerto Varas”, o rio Petrohue corre paralelo e é formado pelo degelo dos montes nevados na primavera. O volume de água é grande, a cor é estonteantemente verde. Entramos na região de colonização alemã, construções parecendo sair de livros infantis, campos para cavalgadas, rebanho de ovelhas, gado leiteiro. Ao entardecer chegamos em “Puerto Varas”, cidade á beira do Lago Ilanquihue e é chamada Cidade das Rosas. Neste início de primavera, as flores começam a desabrochar de maneira exuberante, pois sendo a terra vulcânica, as flores têm cores super intensas. É também o início da floração das macieiras em tons brancos rosáceos e os pessegueiros em flor completam a explosão de cores que só a alma pode gravar, tal a intensidade da beleza. Conhecemos também a cidade de Frutilar, à beira do lago e do vulcão, onde se tem a sensação de eternidade.
Dia seguinte partimos para Santiago. Antes de aterrissar, novamente os Andes a proteger a cidade. É beleza, é emoção demais! Encantadora Santiago! Avenidas e ruas largas, limpas, arborizadas, parques e jardins, prédios imponentes. No “City Tour” conheci o Palácio “La Moneda”, onde Salvador Allende suicidou. Mais emoção, sua estátua está na praça defronte a do Presidente Eduardo Frei. Como num filme, a ditadura de Pinochet, os desaparecidos, os fuzilados no Estádio Nacional estavam ali comigo. A catedral dedicada ao apóstolo Santiago e à Virgem Del Carmen, para nós N, Srª do Carmo. Cerro de San Cristovam, passeios no “funicular”, no teleférico. Ao pé do Cerro San Cristovam, a casa do poeta Pablo Neruda, “La Chascona” transformada em museu. Santiago é uma cidade onde nos sentimos em casa. Povo bonito, civilizado e, o que mais me causou inveja: andar por suas ruas à noite sem o menor medo, tal a segurança da cidade.
Conhecemos também as cidades de Valparaiso e Vina Del Mar. Valparaiso, cidade portuária, seduz cercada de morros, casas coloridas misturando o estilo espanhol e inglês. Misteriosa, imponente, às vezes com uma pitada de decadência. O poeta Pablo Neruda está em cada esquina, sacada ou em sua casa “La Sebastiana”, mirando o mar, tomando vinho e namorando Matilde Urrutia. Vina Del mar é a cidade de veraneio dos chilenos. Moderna, florida e alegre. Na Praça do “Museu Fonk” a escultura de um moai da Ilha de Páscoa nos lembra os mistérios daquela ilha do Pacífico. Reencontro Gabriela Mistral, numa estátua, abraçando as crianças pobres chilenas, azuis de frio e no pedestal da mesma, um poema a elas dedicado.
Despeço-me do País. Chile dos meus amores, que nos abraça, acolhedor, cordial, e que nos oferece bons vinhos. Encontrar o novo, ampliar horizontes, descobrir pessoas sensacionais (nossas amigas de Recife). Com uma taça de vinho”Cassillero del Diablo, levanto um brinde ao Chile, à minha companheira desta viagem inesquecível Alzira Figueiredo Caldeira e á Nádia Fonseca da Trop Tour que organizou esta viagem para nós.

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima