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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Saudades da boneca de Leonel<br><br>Waldyr Senna Batista<br><br>Variações em torno do tema “Montes Claros tem certas coisas que outras cidades não têm”.<br>No tempo em que os limites da cidade se estendiam da praça da Matriz à praça do mercado ( hoje dr. Carlos), queimavam-se foguetes para manifestações de júbilo que iam desde a conclusão da cumeeira dos telhados e o anúncio da sorte grande na loteria até a chegada das chuvas. Atualmente soltam-se foguetes todas as noites, mas como a cidade cresceu muito, quem ouve de longe o foguetório não consegue identificar os motivos das manifestações. Há dias foi a festa de inauguração de um semáforo. Mas geralmente é a paixão futebolística. Porém, devido a certos modernismos muito em voga, há quem atribua os fogos a mensagem cifrada de traficantes de droga. Pode ser.<br>Nas tradicionais festas de agosto também é intenso o uso de fogos de artifício nos desfiles dos ternos de catopês e na apresentação dos cortejos de imperadores e rainhas. Sem foguete, as festas de agosto perderiam a imponência.<br>Quando das campanhas eleitorais, os candidatos reservam verba avultada para a compra de foguetes. Parece haver a crença de que quanto mais estridentes, eles são indicadores da vitória. Isso acontece desde os tempos de Marcianinho Fogueteiro, com o seu “Assombro da pirotécnica”, ali no início da Simeão Ribeiro. Hoje, os foguetes vêm da vizinha Mirabela, onde são confeccionados em escala industrial.<br>A cidade cosmopolita, com seus quase 350 mil habitantes, não conseguiu eliminar essa e outras formas de manifestações nem com o advento dos modernos veículos de comunicação de massa. Numa cidade que dispõe de emissoras de televisão e rádio ( são dezenas, se consideradas as piratas) e que conta com sofisticado parque gráfico, editando jornais em policromia iguais aos mais importantes do mundo, seria inconcebível que a propaganda ainda se processasse com o uso de instrumentos arcaicos, mas é o que ocorre. Nesse cenário, só está faltando a boneca de Leonel, porque letreiros de péssimo gosto pintados em muros, som estridente em carros e até em bicicletas, há de tudo nas ruas de Montes Claros, em franco desafio às leis ambientais.<br>Nisso, ela se iguala às piores cidades do sertão nordestino mostradas nos filmes que retratam os tempos de Lampião e seus cangaceiros. Quando deveria copiar o que vem sendo praticado nos centros civilizados, como São Paulo e Belo Horizonte. Nessas capitais, as prefeituras desfecharam a campanha Cidade limpa, que consiste em destruir outdoors, placas e letreiros instalados de forma indevida. Segundo registra a imprensa, graças a esse procedimento corajoso, essas duas cidades readquiriram visual agradável e atraente.<br>Aqui, anda-se na contramão. Está em curso, no momento, novo tipo de poluição visual, com a instalação de placas de grande porte, em ambos os lados da rua, em posição perpendicular, no alto dos prédios. Como as ruas são estreitas, as placas praticamente se tocam na extremidade superior. A prática nada mais é do que utilização indevida do espaço aéreo, propriedade do poder público. A prefeitura, no entanto, faz de conta que não vê, mais preocupada em usar a fúria canina dos guardinhas da Transmontes, que transformaram as ruas do centrão em campo de guerra, mais para arrecadar multas do que para controlar o trânsito. Os exemplos mais gritantes dessa ilegalidade podem ser vistos, por enquanto, nas ruas Altino de Freitas, Rui Barbosa e Padre Augusto, mas logo outras vão aderir.<br>São contrastes que marcam a cidade, que tem coisas de cidade grande, ao mesmo tempo em que nela proliferam costumes de arraial.<br>Muitas das práticas do passado, em termos de comunicação e propaganda, tinham ao menos conotações poéticas e agradáveis, bem diferentes desses condenáveis veículos adaptados para a venda de DVDs, que elevam em muitos decibéis a já insuportável poluição sonora. No passado, havia os melodiosos sinos da igreja Matriz, manipulados pelas mãos de artista de Firmino Paco-Paco. A própria boneca de Leonel, embora estridente, ficou na lembrança não somente pela criatividade, como também devido à forma simpática com que se comunicava.

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